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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Um poema, apenas isso ou tudo isso

Não ouso tomar de tuas mãos

Toda carga que levaste em teus ombros.

Não suportaria jamais

Andar um tanto sem cair por terra

E ali gritar por socorro.

 

Meus versos trafegam entre a alma e o corpo

Andando em velocidade lenta

Mas com sensações aceleradas.

 

Não ouso compor o que minha alma

Não perscruta.

Não ouso ser o que não sou

Sem medo de ser o que sou.

 

Fui feito filho, quem sabe servo,

Aparente pródigo que volta ao lar

E reconhece sua substância

E confessa seu pecado, à porta,

Sempre acreditando na compaixão.

 

Ouso apenas pedir-te perdão,

Fui, sou e serei

O pó citado por Jó,

O conhecedor de linhas

Que sondas entrelinhas

E silencia toda angústia

Apenas reparando as brechas deixadas,

As marcas de uma vida.

 

Ouso sem ousar,

Na simplicidade de quem deseja entrar

E de repente pode ficar,

Um mero observador de fatos

Da história de muitas gentes

E de muitas vozes.

 

Ouso encerrar, quem sabe,

Um último ensaio,

Último passo

E último desejo:

De amar e ser amado

E viver sendo assim.

 

Defino-me em ousar sem ousado,

Abraçar para ser abraçado

E no encontro de tudo, de todos,

Das letras e do ser

Apenas ser o que precisei ser.

 

Outra vez,

Vivo, sigo vivendo,

E vivido, posso VIVER ou morrer.


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