Introdução
Nosso Senhor Jesus Cristo ordenou que
seus servos fossem um só corpo com Ele, unidos uns aos outros pela confissão da
mesma fé e pela esperança das mesmas promessas. Ele mesmo disse, em Mateus 10.32-33:
32
|
Portanto, qualquer que me
confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos
céus.
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33
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Mas qualquer que me negar
diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus.
|
Visto que pela Graça de Deus vos
achais resolvidos a unir-vos aos discípulos de nosso Senhor Jesus Cristo,
professando publicamente a vossa fé, exorto-vos a que respondais com
sinceridade às perguntas que passo a fazer-vos:
1.
Credes em um só Deus, que subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito
Santo? A trindade, assim, existe em suas funções claras. Deus Pai, criador dos
céus e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis; Deus Filho,
concebido pelo poder do Espírito Santo, tendo nascido da virgem Maria, tendo
morrido pelos nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação; e Deus
Espírito Santo, santificador das nossas almas e doador da Vida aos crentes,
quem nos convence de nossa natureza pecadora.
2.
Credes que as Sagradas Escrituras, tanto do Antigo como do Novo
Testamento, são a Palavra de Deus, sem erro e inspirada pelo Espírito Santo,
tendo se utilizado de homens que mesmo sendo pecadores, no momento do “ditar”
do Espírito Santo, estavam sob sua tutela e proteção, para que fosse completa,
suficiente e inerrante? Fazeis dela sua única regra de fé e prática? E que são falsas
e perigosas quaisquer doutrinas e cerimônias que não encontrem na Bíblia
respaldo e subsídio? Que qualquer outra palavra que seja acrescentada à palavra
seja de forma clara maldita?
3.
Confessais que fostes concebidos em pecado e que por natureza sois incapazes
de cumprir perfeitamente a Lei do Senhor, e que estais inclinados a amar e
fazer o que a Lei Divina condena?
4.
Credes firmemente que o sangue de Cristo purifica de todo o pecado e que
não há outro meio de alcançar perdão de Deus? Não há outra forma de
santificar-se senão pela Graça de Jesus Cristo e obra do Espírito Santo?
5.
Estais agora arrependidos do mal que tendes feito diante de Deus e estais
resolvidos a fazer uso diligente dos meios de graça por ele ordenados para o
bem de seu povo e a seguir os preceitos de sua Lei, deixando de fazer o que ele
vos proíbe em sua Palavra, fazendo toda a sua vontade, auxiliados por sua
Graça?
6.
Prometeis sujeitar-vos, como membros de sua Igreja, à disciplina e
autoridade nela constituídas, enquanto estas estiverem de acordo com a Palavra
do Senhor?
7.
Credes que há necessidade de uma vida santa e nova, para agradar a Deus e
provar a sinceridade de sua fé?
Definições de termos –
CAPÍTULO
XXVII - DOS SACRAMENTOS
I. Os sacramentos são santos sinais e selos do pacto da graça,
imediatamente instituídos por Deus para representar Cristo e os seus benefícios
e confirmar o nosso interesse nele, bem como para fazer uma diferença visível
entre os que pertencem à Igreja e o resto do mundo, e solenemente obrigá-los ao
serviço de Deus em Cristo, segundo a sua palavra.
Ref. Ron. 6:11; Gen. 17:7-10; Mat. 28:19; I
Cor. ll:23, e 10:16, e 11:25-26; Exo. 12:48; I Cor. 10:21; Rom. 6:3-4; I
Cor. 10:2-16.
II. Em
todo o sacramento há uma relação espiritual ou união sacramental entre o sinal
e a coisa significada, e por isso os nomes e efeitos de um são atribuídos ao
outro.
Ref. Gen. 17:10; Mat. 26:27-28; Tito 3:5.
III. A
graça significada nos sacramentos ou por meio deles, quando devidamente usados,
não é conferida por qualquer, poder neles existentes; nem a eficácia deles
depende da piedade ou intenção de quem os administra, mas da obra do Espírito e
da palavra da instituição, a qual, juntamente com o preceito que autoriza o uso
deles, contém uma promessa de benefício aos que dignamente o recebem.
Ref. Rom. 2:28-29; I Ped. 3:21; Mat. 3:11; I Cor.
12:13; Luc. 22:19-20; I Cor. 11:26.
IV. Há
só dois sacramentos ordenados por Cristo, nosso Senhor, no Evangelho - O
Batismo e a Santa Ceia; nenhum destes sacramentos deve ser administrado senão
pelos ministros da palavra legalmente ordenados.
Ref.
Mat. 28:19; I Cor. 11: 20, 23-34; Heb.
5:4.
V. Os
sacramentos do Velho Testamento, quanto às coisas espirituais por eles
significados e representados, eram em substância os mesmos que do Novo Testamento.
Ref. I Cor. 10: 1-4.
CAPÍTULO
XXVIII - DO BATISMO
I. O batismo é um sacramento do Novo Testamento,
instituído por Jesus Cristo, não só para solenemente admitir na Igreja a pessoa
batizada, mas também para servir-lhe de sinal e selo do pacto da graça, de sua
união com Cristo, da regeneração, da remissão dos pecados e também da sua
consagração a Deus por Jesus Cristo a fim de andar em novidade de vida. Este sacramento, segundo a ordenação de
Cristo, há de continuar em sua Igreja até ao fim do mundo.
Ref. Mat. 28:19; I,Cor. 12:13; Rom. 4:11;
Col. 2:11-12; Gal. 3:27; Tito 3:5; Mar. 1:4; At. 2:38; Rom. 6:3-4; Mat.
28:19-20.
II. O
elemento exterior usado neste sacramento, é água com a qual um ministro do
Evangelho, legalmente ordenado, deve batizar o candidato em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo.
Ref. At. 10-47, e 8:36-38; Mat. 28:19.
III.
Não é necessário imergir na água o candidato, mas o batismo é devidamente
administrado por efusão ou aspersão.
Ref. At. 2:41, e 10:46-47, e 16:33; I Cor.
10:2.
IV. Não
só os que professam a sua fé em Cristo e obediência a Ele, mas os filhos de
pais crentes (embora só um deles o seja) devem ser batizados.
Ref.
At. 9:18; Gen. 17:7, 9; Gal. 3:9, 14;
Rom. 4:11-12; At. 2:38-39.
V. Posto
que seja grande pecado desprezar ou negligenciar esta ordenança, contudo, a
graça e a salvação não se acham tão inseparavelmente ligadas com ela, que sem
ela ninguém possa ser regenerado e salvo os que sejam indubitavelmente
regenerados todos os que são batizados.
Ref.
Luc.7:30; Exo. 4:24-26; Deut. 28:9; Rom.
4:11; At. 8:13, 23.
VI. A
eficácia do batismo não se limita ao momento em que é administrado; contudo,
pelo devido uso desta ordenança, a graça prometida é não somente oferecida, mas
realmente manifestada e conferida pelo Espírito Santo àqueles a quem ele
pertence, adultos ou crianças, segundo o conselho da vontade de Deus, em seu
tempo apropriado.
Ref. João 3:5, 8; Gal. 3:27; Ef. 5:25-26.
VII. O
sacramento do batismo deve ser administrado uma só vez a uma mesma pessoa.
Ref. Tito
3:5.
Catecismo Maior de Westminster
Pergunta 35. Como o pacto da graça é administrado sob o Novo Testamento?
No Novo Testamento, quando Cristo, a
substância, se manifestou, o mesmo pacto da graça foi, e continua a ser,
administrado pela pregação da Palavra na celebração dos sacramentos do Batismo
e da Ceia do Senhor; e, assim, a graça e a salvação se manifestam em maior
plenitude, evidência e eficácia a todas as nações.
Mt 28:19-20; I Co
11:23-26; Hb 8.6-7.
162. O que é um
sacramento?
Um sacramento é uma santa
ordenança instituída por Cristo em sua Igreja, para significar, selar e conferir
àqueles que estão no pacto da graça os benefícios da mediação de Cristo; para
os fortalecer e lhes aumentar a fé e todas as mais graças, e os obrigar à obediência;
para testemunhar e nutrir o seu amor e comunhão uns para com os outros, e para
distingui-los dos que estão fora.
Mt 28:20;26:26,27; At 2:38;22:16; Rm
4:11;6:4;9:8; I Co 10:16,17,21;11:24-2612:13; Ef 4:3-5; Gl 3:27,29;4:15;5:6.
163. Quais são as partes
de um sacramento?
As partes de um
sacramento são duas: uma, um sinal exterior e sensível usado segundo a própria
instituição de Cristo; a outra, uma graça interior e espiritual significada
pelo sinal.
Veja-se Confissão de Fé,
Cap. XXVII, seção II e as passagens ali citadas.
Pergunta
164. Quantos sacramentos instituiu
Cristo sob o Novo Testamento?
Sob o Novo Testamento,
Cristo instituiu em sua
Igreja somente dois sacramentos: o Batismo e a Ceia do
Senhor.
Mt
26:26,27;28:19; I Co 11:23-26.
Pergunta 165. O que é
Batismo?
Batismo é um sacramento
no Novo Testamento no qual Cristo ordenou a lavagem com água em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo, para ser um sinal e selo de nos unir a si mesmo, da
remissão de pecados pelo seu sangue e da regeneração pelo seu Espírito; da
adoção e ressurreição para a vida eterna; e por ele os batizandos são
solenemente admitidos à Igreja visível e entram em um comprometimento público,
professando pertencer inteira e unicamente ao Senhor.
Mt 28:19; Mc 1:4; Jo 3:5; I Co 15:29; Rm
6:3,4;Gl 3:27; Gl 3:26,27; At 2:41;22:16; Tt 3:5; Ap 1:5.
Pergunta 166. A quem deve
ser administrado o Batismo?
O Batismo não deve ser
administrado aos que estão fora da Igreja visível, e assim estranhos aos pactos
da promessa, enquanto não professarem a sua fé em Cristo e obediência a Ele;
porém as crianças, cujos pais, ou um só deles, professarem fé em Cristo e
obediência a ele, estão, quanto a isto, dentro do pacto e devem se batizadas.
Gn 17:7-9; Lc 18:16; At 2:38,39,41; I Co 7:14; Rm 11:16; Cl
1:11,12; Gl 3:17,18,29.
Pergunta 167. Como
devemos tirar proveito de nosso Batismo?
O dever necessário, mas
muito negligenciado, de tirar proveito de nosso Batismo deve ser cumprido por
nós durante toda a nossa vida, especialmente no tempo de tentação, quando
assistimos à administração desse sacramento a outros, por meio de séria e grata
consideração de sua natureza e dos fins para os quais Cristo o instituiu, dos
privilégios e benefícios conferidos e selados por ele e do voto solene que nele
fizemos por meio de humilhação devida à nossa corrupção pecaminosa, às nossas
faltas, e ao andarmos contrários à graça do Batismo e aos nossos votos; por
crescermos até à certeza do perdão de pecados e de todas as mais bênçãos a nós
seladas por esse sacramento; por fortalecer-nos pela morte e ressurreição de
Cristo, em cujo nome fomos batizados para mortificação do pecado e a
vivificação da graça e por esforçar-nos a viver pela fé, a ter a nossa
conversação em santidade e retidão como convém àqueles que deram os seus nomes
a Cristo, e a andar em amor fraternal, como batizados pelo mesmo Espírito em um
só corpo.
Sl
22:10,11; Rm 4:11,12;6:2-5,22; I Co 1:11,13;12:13,25,26; I Pe 3:21; Gl 3:26,27.
Pergunta 176. Em que
concordam os sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor?
Os sacramentos do Batismo
e da Ceia do Senhor concordam em
ser Deus o autor de ambos; em ser Cristo e os seus
benefícios a parte espiritual de ambos; em ambos serem selos do mesmo pacto, em
não deverem ser administrados senão pelos ministros do Evangelho, e em deverem
ser continuados na igreja de Cristo até a sua segunda vinda.
Mt 26:27,28;28:19,20; Mc 28:19; Rm
4:11;6:3,4; I Co 10:16;11:23,26; Cl 2:11.
Pergunta 177. Em que
diferem os sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor?
Os sacramentos do Batismo
e da Ceia do Senhor diferem em dever o Batismo ser administrado uma vez só, com
água, para ser sinal e selo da nossa união com Cristo, e administrado também às
crianças; enquanto que a Ceia do Senhor deve ser celebrada freqüentemente, com
os elementos de pão e vinho, para representar e mostrar Cristo como o alimento
espiritual para a alma, e para confirmar a nossa permanência e crescimento
nele, e isso apenas para aqueles que têm idade e condições de se examinarem a
si mesmos.
Mt 3:11; Jo 6:51-53; At 2:38,39; I Co 7:14;10:16;11:26,28; Gl 3:27; Cl 2:19.
Pergunta 154. Quais são
os meios exteriores pelos quais Cristo nos comunica os benefícios de sua
mediação?
Os meios exteriores e
ordinários, pelos quais Cristo comunica à sua Igreja os benefícios de sua
mediação, são todas as suas ordenanças, especialmente a Palavra, os Sacramentos
e a Oração; todas essas ordenanças se tornam eficazes aos eleitos em sua
salvação.
Mt 28:19-20; At 2:42,46; I Tm 4:16; I Co
1:21; Ef 5:19,20;6:17,18.
Comentário: Os reformadores de Westminster, agora
desenvolvem o seu raciocínio dizendo que uma vez salvos os cristãos devem se
valer dos meios de graça para o seu contínuo crescimento. Os meios exteriores
da graça são a Palavra, os sacramentos e a oração. O símbolo de Westminster nos
ensina, que estes são os meios pelos quais Cristo comunica as bênçãos da
redenção aos seus eleitos, a saber, aos que crêem em Jesus Cristo.
Muito do sucesso da igreja primitiva estava no
uso correto destes meios da graça que o Senhor estabeleceu, isto é enfatizado
por Lucas em atos dos apóstolos, no texto acima, a razão do sucesso da igreja
do primeiro século, estava associada ao uso corretos dos meios da graça que o
Senhor os havia entregue, vemos claramente a referência a Palavra na expressão
doutrina dos apóstolos, vemos referência aos sacramentos aqui com a referência
ao partir do pão, e vemos que esta igreja vivia em plena harmonia, e unidade
orando ao Senhor.
Lucas na continuidade deste texto demonstra os
resultados benéficos de tudo isto:
“Os apóstolos faziam muitos milagres e
maravilhas, e por isso todas as pessoas estavam cheias de temor. Todos os que
criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que tinham. Vendiam
as suas propriedades e outras coisas e dividiam o dinheiro com todos, de acordo
com a necessidade de cada um. Todos os dias, unidos, se reuniam no pátio do
Templo. E nas suas casas partiam o pão e participavam das refeições com alegria
e humildade. Louvavam a Deus por tudo e eram estimados por todos. E cada dia o
Senhor juntava ao grupo as pessoas que iam sendo salvas.”
Profissão de Fé – é o ato, através do qual, aqueles que foram
tocados eficazmente pela mensagem salvadora do evangelho, proclamam e
reconhecem publicamente a pessoa de Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor. É
necessária para mostrar que obedeceu à Palavra de Deus como ordena em Mateus
10.32-33. É também uma forma de demonstrar algo ocorrido dentro de cada um
de nós pela ação do Senhor, conforme Romanos 10.9. E para que
testemunhemos de modo verdadeiro algo que de fato cremos como alguém que sabe
quem é Jesus, conforme Atos 1.8. Na verdade relatamos pela Profissão de
Fé aos que nos ouvem e vêem algo que de fato mudou nossa vida e que se tornou
alvo principal de nossa fé e vida. Resumidamente estaremos aptos a cumprir com uma exigência do Senhor, uma necessidade
pessoal e uma forma de podermos testemunhar corretamente da fé.
Quando testemunhamos na igreja visível algo
como nossa experiência com Deus, somos habilitados a participar dos sacramentos
dados pelo Senhor. Podemos inserir nossos filhos como participantes da
promessa, batizando-os e ainda poderemos participar da vida administrativa da
igreja, escolhendo e votando lideranças e podendo ser votado.
Sobre a Palavra de
Deus – a Bíblia
Pergunta 155. Como a
Palavra se torna eficaz para a salvação?
O Espírito de Deus torna
a leitura, e especialmente a pregação da Palavra, um meio eficaz para iluminar,
convencer e humilhar os pecadores; para lhes tirar toda confiança em si mesmos
e os atrair a Cristo; para os conformar à sua imagem e os sujeitar à sua
vontade; para os fortalecer contra as tentações e corrupções; para os edificar
na graça e estabelecer os seus corações em santidade e conforto mediante a fé
para a salvação.
Jr
23:28,29;Sl 19:11. Leia-se Atos 8:27-38. At 2:37,41;17:11,12;20:32;26:18; Mt
4:7,10; Rm 6:17;10:14,17;16:25; I Co 3:4-11;Sl 19:11;II Co 3:4-11,18;10:4,5;Cl
1:27,28;Ef 4:11,12;6:16,17;II Tm 3:15-17;I Ts 3:2,13; Hb 4:12.
Pergunta 156. A Palavra de Deus deve
ser lida por todos?
Embora não seja permitido
a todos lerem a Palavra publicamente à congregação, contudo os homens de todas
as condições têm obrigação de lê-la em particular para si mesmos e com as suas
famílias; e para este fim as Santas Escrituras devem ser traduzidas das línguas
originais para as línguas vulgares.
Dt 6:6,7;17:18,19; Is 34:16; Jo 5:39; Sl
78.5,6; I Co 14:18,19.
Pergunta 157. Como a
Palavra de Deus deve ser lida?
As Santas Escrituras
devem ser lidas com um alto e reverente respeito; com firme persuasão de serem
elas a própria Palavra de Deus e de que somente Ele pode habilitar-nos a
entendê-las; com desejo de conhecer, crer e obedecer à vontade de Deus nelas
revelada; com diligência e atenção ao seu conteúdo e propósito; com meditação,
aplicação, abnegação e oração.
Dt 11:13,14; Sl 1:2;119:18,97; II Cr
34:21; Ne 8:5; Is 66:2; Pv 3:5; Mt 13:23; Mc 4:20; Lc 22:44-48;24:45; At
2:38,39;8:30,34;17:11; I Ts 2:13; II Pe 1:16-21;2:2; Gl 1:15,16;Tg 1:21,22.
Pergunta 158. Por quem a
Palavra de Deus deve ser pregada?
A Palavra de Deus deve
ser pregada somente por aqueles que têm dons suficientes, e são devidamente
aprovados e chamados para o ministério.
Ml 2:7; Rm 10:15; I Co 12:28,29; I Tm 3:2,6;4:14; II Tm 2:2.
Pergunta 159. Como a
Palavra de Deus deve ser pregada por aqueles que para isto são chamados?
Aqueles que são chamados
a trabalhar no ministério da Palavra devem pregar a sã doutrina,
diligentemente, em tempo e fora de tempo, claramente, não em palavras
persuasivas de humana sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder;
fielmente, tornando conhecido todo o conselho de Deus; sabiamente, adaptando-se
às necessidades e às capacidades dos ouvintes; zelosamente, com amor fervoroso
para com Deus e para com as almas de seu povo; sinceramente, tendo por alvo a
glória de Deus e procurando converter, edificar e salvar as almas.
Jr 23:28; Lc 12:42; Jo 7:18; At
18:25;20:27;26:16-18; I Tm 4:16; II Tm 2:10,15;4:2,5; I Co
2:4,17;3:2;4:1,2;9:19-22;14:9;II Co 4:2;5:13,14;12:15,19; Cl 1:28; Ef 4:12; I
Ts 2:4-7;3:12; Fp 1:15-17; Tt 2:1,7,8; Hb 5:12-14.
Pergunta 160. Que se
exige dos que ouvem a Palavra pregada?
Exige-se dos que ouvem a
Palavra pregada que atendam a ela com diligência, preparação e oração; que
comparem com as Escrituras aquilo que ouvem; que recebam a verdade com fé,
amor, mansidão e prontidão de espírito, como a Palavra de Deus; que meditem
nela e conversem a seu respeito uns com os outros; que a escondam nos seus
corações e produzam os devidos frutos em suas vidas.
Dt 6:6,7;Sl 84:1,2,4;119:11,18; Lc 8:18;
I Pe 2:1,2; Ef 6:17,18; At 17:11; Hb 2:1;4:12; Tg 1:21.
Pergunta 3. Que é a Palavra de
Deus?
As Escrituras Sagradas – o Velho e o
Novo Testamento – são a Palavra de Deus, a única regra de fé e obediência.
Is 8:20; Lc 16:29,31; Gl 1:8,9; II Tm 3:15-17; II Pe 1:19-21.
Pergunta 4. Como podemos saber se as Escrituras são a Palavra de Deus?
Podemos saber que as Escrituras são a
Palavra de Deus, pela sua majestade e pureza, pela harmonia de todas as suas
partes e pelo propósito do seu conjunto, que é dar a Deus toda a glória; pela
sua luz e poder para convencer e converter os pecadores e para edificar e
confortar os crentes para a salvação. O Espírito de Deus, porém, dando
testemunho, pelas Escrituras e juntamente com elas, no coração do homem, é o
único capaz de persuadir plenamente de que elas são a própria Palavra de Deus.
Sl 19:7-9; Jo 16:13,14; At 10:43; Rm 16:25-27; Hb 4:12; I Co 2:6-9.
Pergunta 5. O que as Escrituras principalmente ensinam?
As Escrituras ensinam,
principalmente, o que o homem deve crer sobre Deus, e o dever que Deus requer
do homem.
Jo 20:31; II Tm 1:13.
Livros do Novo Testamento
Os 27 livros do Novo Testamento foram
escritos por vários autores em várias épocas e lugares. Ao contrário do Velho
Testamento, o Novo foi escrito em um curto espaço de tempo, durante um século
ou um pouco mais. A seguir, uma lista dos livros do Novo Testamento, seguidos
pelos autores que a tradição, baseada no testemunho dos pais apostólicos,
costuma atribuir.
Evangelhos
A palavra evangelho significa
"Boa Nova", e refere-se ao nascimento do Messias prometido. Os
evangelhos focam a vida, morte, e ressurreição de Jesus, bem como os seus
ensinamentos. A origem dos evangelhos é objeto de controvérsia. Os seus autores
procuraram fixar por escrito aquilo que até então circulava de boca em boca. Há
opiniões divergentes.
Evangelho de Mateus -- Mateus, cobrador de impostos e
apóstolo. Há quem afirme que foi o segundo dos evangelhos. Mateus terá
conhecido o texto de Marcos.
Evangelho de Marcos -- Marcos, seguidor de Pedro e também de
Paulo. Terá sido provavelmente o primeiro dos evangelhos. Há quem o afirme,
apesar de seguir o evangelho de Mateus.
Evangelho de Lucas -- Lucas, seguidor de Paulo. O terceiro
evangelho. Lucas também conhece o texto de Marcos.
Evangelho de João -- João, pescador e apóstolo. O 4º
evangelho.
História
A história dos primeiros cristãos
após a morte de Cristo é relatada no livro de Atos, de autoria atribuída a
Lucas.
Epístolas Paulinas
As Cartas Paulinas (ou Corpus
Paulinum) são as epístolas que tradicionalmente se atribuem a Paulo (para
raciocínios mais modernos, veja a seguir sobre a Autoria). Seus nomes assentam
nos grupos cristãos ou pessoas a quem elas são dirigidas.
Romanos - Paulo
I Coríntios - Paulo
II Coríntios - Paulo
Gálatas - Paulo
Efésios - Paulo
Filipenses - Paulo
Colossenses - Paulo
I Tessalonicenses - Paulo
II Tessalonicenses - Paulo
I Timóteo - Paulo
II Timóteo - Paulo
Tito - Paulo
Filemon - Paulo
Hebreus - anônima,
tradicionalmente atribuída a Paulo.
Outras Epístolas - Gerais
Tiago - Tiago, o "irmão do
Senhor"
I Pedro - Pedro
II Pedro - Pedro (alguns
estudiosos atualmente acreditam que tenha tido um outro autor)
I João - João (as epístolas
joaninas são ocasionalmente atribuídas a membros da sua comunidade de discípulos,
embora esta primeira carta se assemelhe bastante ao estilo e vocabulário do
evangelho atribuído a João)
II João - João
III João - João
Judas - Judas, irmão de Tiago.
Profecia
Apocalipse - Tradicionalmente
identificado com João.
Critérios de Canonicidade
I.
Apostolicidade - Um livro seria aceito se tivesse sido escrito por um apóstolo, ou
por alguém do círculo apostólico. Se observarmos os escritores do Novo
Testamento, poderemos notar essa condição. Mateus, João, Pedro e Paulo foram
apóstolos; Tiago e Judas eram primos de Jesus; Marcos era associado na redação
de seu Evangelho com Pedro; Lucas era associado de Paulo no trabalho
missionário. O autor de Hebreus, se não for Paulo, é alguém que se situava no
círculo apostólico (Hebreus 2:3-4). Assim, todo
o Novo Testamento está ligado aos apóstolos de Jesus, que tinham sido
especialmente designados por ele como porta-vozes autorizados. A antiguidade do
livro, assim como a presença de doutrina apostólica aceita como padrão também
contaria. É por este critério que Hebreus, Judas, Apocalipse e outros tiveram
dificuldades para serem reconhecidos, pois sua autoria apostólica não era
clara. Por outro lado, a atribuição do Didaquê, da Epístola de Clemente e do
Pastor de Hermas, a personagens neo-testamentários (apóstolos,
Filipenses 4:3 e Romanos 16:4) levou alguns a pensarem que os livros
tinham caráter inspirados o suficiente para fazerem parte da Bíblia. A igreja
antiga procurava distinguir livros autoritativos, dos livros úteis, como a
Epístola de Barnabé.
II.
Receptividade - A igreja receptora deveria ser a testemunha do uso contínuo do
documento e de sua origem apostólica. Este critério que decorre do anterior,
atrapalhou muito as chamadas "Epístolas Gerais" por não serem
dirigidas a uma só igreja e, portanto, carecerem de apoio específico no
testemunho de sua origem apostólica. O fato de um livro estar sendo lido em
público na igreja seria um fator muito importante para sua aceitação (1 Tessalonicenses 5:27; 2 Tessalonicenses
3:14-15; Colossenses 4:16; Apocalipse 1:3; 3 João 9).
III.
Catolicidade do livro - Escrito para todas as pessoas da época.
Deveria também ser conhecido universalmente, isto é, ter sido aceito por todas
as igrejas.
IV. Consistência doutrinaria -
Seguia os parâmetros como o usado pelos judeus na formação do Antigo
Testamento, os textos contidos no cânon deveriam seguir o ensino de Jesus e dos
apóstolos, que era determinado pela ortodoxia – tradição vigente na Igreja.
Critério esse que retirou vários livros considerados não tão colaboradores com as
doutrinas e rejeitaria (como rejeitou) facilmente as obras consideradas
heréticas, devido ao claro conteúdo de quebra com a tradição, transformando
elas em apócrifas. O que faz pensar que também idéias que quebrassem os
interesses político-religiosos da Igreja seriam rejeitados.
IV.
Inspiração – Os livros que se submetiam ao julgamento era julgados pelos seus
próprios conteúdos, após sua leitura. Segundo Kümmel os livros apócrifos
estavam mais influenciados por ideais helenísticos.
Livros do Antigo Testamento
Pentateuco
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
Livros Históricos
Josué
Juízes
Rute
I Samuel
II Samuel
I Reis
II Reis
I Crônicas
II Crônicas
Esdras
Neemias
Ester
Livros Poéticos e Sapienciais
Jó
Salmos
Provérbios
Eclesiastes
Cânticos dos Cânticos
Livros Proféticos
Isaías
Jeremias
Lamentações de Jeremias
Ezequiel
Daniel
Profetas menores
Oséias
Joel
Amós
Obadias
Jonas
Miquéias
Naum
Habacuque
Spfonias
Ageu
Zacarias
Malaquias
DA ESCRITURA SAGRADA
I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal
modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam
inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus
e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em
diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela
sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o
mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e
malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever
toda. Isto torna indispensável a
Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua
vontade ao seu povo.
Referências - Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1:
19-20, e 2: 14-15; I Cor. 1:21, e
2:13-14; Heb. 1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5; II Pedro 1: 19.
II. Sob o nome de Escritura Sagrada,
ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo
Testamento, que são os seguintes, todos dados por inspiração de Deus para serem
a regra de fé e de prática:
O VELHO TESTAMENTO
Gênesis Esdras Oséias
Êxodo Neemias Joel
Levítico Ester Amós
Números Jó Obadias
Deuteronômio Salmos Jonas
Josué Provérbios Miquéias
Juízes Eclesiastes Naum
Rute Cântico
dos Habacuque
I Samuel Cânticos Sofonias
II Samuel Isaías Ageu
I Reis Jeremias Zacarias
II Reis Lamentações Malaquias
I Crônicas Ezequiel
II Crônicas Daniel
O NOVO TESTAMENTO
Mateus Efésios Hebreus
Marcos Filipenses Tiago
Lucas Colossenses I Pedro
João I
Tessalonicenses II Pedro
Atos II
Tessalonicenses I João
Romanos I Timóteo II
João
I Coríntios II Timóteo III
João
II Coríntios Tito Judas
Gálatas Filemon Apocalípse
Ref. Ef. 2:20; Apoc. 22:18-19: II Tim. 3:16; Mat.
11:27.
III. Os
livros geralmente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem
parte do cânon da Escritura; não são, portanto, de autoridade na Igreja de
Deus, nem de modo algum podem ser aprovados ou empregados senão como escritos humanos.
Ref. Luc. 24:27,44; Rom.
3:2; II Pedro 1:21.
IV. A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e
obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende
somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser
recebida, porque é a palavra de Deus.
Ref. II Tim. 3:16; I João
5:9, I Tess. 2:13.
V. Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e
reverente apreço da Escritura Sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, e
eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as
suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena
revelação que faz do único meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras
excelências incomparáveis e completa perfeição, são argumentos pelos quais
abundantemente se evidencia ser ela a palavra de Deus; contudo, a nossa plena
persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da
operação interna do Espírito Santo, que pela palavra e com a palavra testifica
em nossos corações.
Ref. I Tim. 3:15; I João
2:20,27; João 16:13-14; I Cor. 2:10-12.
VI. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a
glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado
na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se
acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espíri'to, nem por
tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima
iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas
reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus
e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de
ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras
gerais da palavra, que sempre devem ser observadas.
Ref. II Tim. 3:15-17;
Gal. 1:8; II Tess. 2:2; João 6:45; I
Cor. 2:9, 10, l2; I Cor. 11:13-14.
VII. Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do
mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas,
cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão
claramente expostas e explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos,
no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão
delas.
Ref. II Pedro 3:16; Sal.
119:105, 130; Atos 17:11.
VIII. O Velho Testamento em Hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o
Novo Testamento em Grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no
tempo em que ele foi escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo
seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são
por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve
apelar para eles como para um supremo tribunal; mas, não sendo essas línguas
conhecidas por todo o povo de Deus, que tem direito e interesse nas Escrituras
e que deve no temor de Deus lê-las e estudá-las, esses livros têm de ser
traduzidos nas línguas vulgares de todas as nações aonde chegarem, a fim de que
a palavra de Deus, permanecendo nelas abundantemente, adorem a Deus de modo
aceitável e possuam a esperança pela
paciência e conforto das escrituras.
Ref. Mat. 5:18; Isa. 8:20; II Tim. 3:14-15; I Cor. 14;
6, 9, ll, 12, 24, 27-28; Col. 3:16; Rom. 15:4.
IX. A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura;
portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer
texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser
estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente.
Ref. At. 15: 15; João 5:46; II Ped. 1:20-21.
X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser
determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas
as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões
particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser
outro senão o Espírito Santo falando na Escritura.
Ref. Mat. 22:29, 3 1; At.
28:25; Gal. 1: 10.
Sobre a pessoa de Deus e a trindade
Pergunta 7. Quem Deus é?
Deus é Espírito, em si e por si
infinito em seu ser, glória, bem-aventurança e perfeição; todo-suficiente,
eterno, imutável, insondável, onipresente, onipotente, onisciente, infinito em
sabedoria, santidade, justiça, misericórdia, graça e longanimidade; cheio de
toda bondade e verdade.
Êx 3:14; 34:6; I Rs 8:27; Sl 90:2; Is 6:3; Jr 23:24; Ml 3:6;
Jo 4:24; Rm 11:33;16:27; At 17:24,25; Hb 4:13; Ap 4:8;15:4.
Pergunta 8. Há mais de um Deus?
Há um só Deus, o Deus vivo e
verdadeiro.
Dt 6:4: Jr 10:10; I Co
8:4.
Pergunta 9. Quantas pessoas há na Divindade?
Há três pessoas na Divindade: o Pai,
o Filho e o Espírito Santo; estas três pessoas são um só Deus verdadeiro e
eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas
suas propriedades pessoais.
Mt 3:16-17;28:19; Jo
10:30;II Co 13:13.
Pergunta 10. Quais são as propriedades pessoais das três pessoas da
Divindade?
O Pai gerou o Filho, o Filho foi
gerado do Pai, e o Espírito Santo é procedente do Pai e do Filho, desde toda a
eternidade.
Jo 1:14;15:26; Gl 4:6;
Hb 1:5,6.
Pergunta 11. Como podemos saber se o Filho e o Espírito Santo são Deus,
iguais ao Pai?
As Escrituras revelam que o Filho e o
Espírito Santo são Deus iguais ao Pai, atribuindo-lhes os mesmos nomes,
atributos, obras e culto, os quais só a Deus pertencem.
Gn 1:2; Jr 23:6; Sl 45:6;104:30; Is 9:6; Mt 28:19; Jo
1:1,3;2:24,25; At 5:3,4; I Co 2:10,11;
II Co 13:13; I Jo 5:20; Cl 1:16; Hb
9:14.
CAPÍTULO II – da Confissão de Fé
DE DEUS E DA SANTÍSSIMA TRINDADE
I. Há um só Deus vivo e verdadeiro, o
qual é infinito em seu ser e perfeições.
Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é
imutável, imenso, eterno, incompreensível, - onipotente, onisciente,
santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria
glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É
cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e
verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível em
seus juizos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o
culpado.
Ref. Deut. 6:4; I Cor. 8:4,
6; I Tess. 1:9; Jer. 10:10; Jó 11:79; Jó
26:14; João 6:24; I Tim. 1:17; Deut. 4:15-16; Luc. 24:39; At. 14:11, 15; Tiago
1:17; I Reis 8:27; Sal. 92:2; Sal. 145:3; Gen. 17:1; Rom. 16:27; Isa. 6:3; Sal.
115:3; Exo3:14; Ef. 1:11; Prov. 16:4; Rom. 11:36; Apoc. 4:11; I João 4:8; Exo.
36:6-7; Heb. 11:6; Nee. 9:32-33; Sal.
5:5-6; Naum 1:2-3.
II. Deus tem em si mesmo, e de si mesmo, toda a vida, glória, bondade e
bem-aventurança. Ele é todo suficiente
em si e para si, pois não precisa das criaturas que trouxe à existência, não
deriva delas glória alguma, mas somente manifesta a sua glória nelas, por elas,
para elas e sobre elas. Ele é a única
origem de todo o ser; dele, por ele e para ele são todas as coisas e sobre elas
tem ele soberano domínio para fazer com elas, para elas e sobre elas tudo
quanto quiser. Todas as coisas estão
patentes e manifestas diante dele; o seu saber é infinito, infalível e
independente da criatura, de sorte que para ele nada é contingente ou incerto. Ele é santíssimo em todos os seus conselhos,
em todas as suas obras e em todos os seus preceitos. Da parte dos anjos e dos homens e de qualquer
outra criatura lhe são devidos todo o culto, todo o serviço e obediência, que
ele há por bem requerer deles.
Ref. João
5:26; At. 7:2; Sal. 119:68; I Tim. 6: 15; At - . 17:24-25; Rom. 11:36; Apoc.
4:11; Heb. 4:13; Rom. 11:33-34; At. 15:18; Prov. 15:3; Sal. 145-17; Apoc. 5: 12-14.
III. Na unidade da Divindade há três
pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho
e Deus o Espírito Santo, O Pai não é de ninguém - não é nem gerado, nem
procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente
procedente do Pai e do Filho.
Ref. Mat. 3:16-17; 28-19; II
Cor. 13:14; João 1:14, 18 e 15:26; Gal. 4:6.
Sobre o ser humano – pecador e salvo em Cristo
Pergunta 17. Como criou Deus o homem?
Depois de ter feito todas as demais
criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea; formou o corpo do homem do pó, e
o da mulher, da costela do homem; dotou-os de almas viventes, racionais e imortais;
fê-los conforme a sua própria imagem, em conhecimento, retidão e santidade,
tendo a lei de Deus escrita em seus corações, e poder para a cumpri-la, com
domínio sobre as criaturas, contudo sujeitos a cair.
Gn 1:27,28;2:7,16,17,22; Mt 10:28; Lc 23:43; Rm 2:14-15; Ef 4:24; Cl
3:10.
Pergunta 20. Qual foi a providência de Deus para com o homem, no estado
em que ele foi criado?
A providência de Deus para com o
homem, no estado em que ele foi criado, consistiu em colocá-lo no Paraíso,
designando-o para o cultivar, dando-lhe liberdade para comer do fruto da terra;
pondo as criaturas sob o seu domínio; e ordenando o matrimônio para o seu
auxílio; em conceder-lhe comunhão com Deus, instituindo o dia de descanso,
entrando em um pacto de vida com ele, sob a condição de obediência pessoal,
perfeita e perpétua, da qual a árvore da vida era um penhor; e proibindo-lhe
comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, sob pena de morte.
Gn
1:27,28;2:3,8,15,16,17,18; Lc 10:25-28; Rm 5:12-14;10:5.
Pergunta 21. Continuou o homem naquele estado em que Deus o criara no
princípio?
Nossos primeiros pais, sendo deixados
à liberdade da sua própria vontade, pela tentação de Satanás, transgrediram o
mandamento de Deus, comendo do fruto proibido; e, por isso, caíram do estado de
inocência em que foram criados.
Gn 3:6-8,13; II Co
11:3.
Pergunta 22. Caiu todo o gênero humano na primeira transgressão?
O pacto, sendo feito com Adão, como
um representante legal, não para si somente, mas para toda a sua posteridade,
todo o gênero humano, descendendo dele por geração ordinária, pecou nele e caiu
com ele naquela primeira transgressão.
Gn 2:17; At 17:26; I Co 15.21,22.
Pergunta 23. A que estado a queda trouxe a
humanidade?
A queda trouxe a humanidade a um
estado de pecado e miséria.
Rm 5:12; Gl 3:10.
CAPÍTULO VI
DA QUEDA DO HOMEM, DO PECADO E DO SEU CASTIGO
I. Nossos primeiros pais, seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás,
pecaram, comendo do fruto proibido.
Segundo o seu sábio e santo conselho, foi Deus servido permitir este
pecado deles, havendo determinado ordená-lo para a sua própria glória.
Ref. Gen. 3:13; II Cor.
11:3; Rom. 11:32 e 5:20-21.
II. Por este pecado eles decaíram da sua retidão original e da comunhão com
Deus, e assim se tornaram mortos em pecado e inteiramente corrompidos em todas
as suas faculdades e partes do corpo e da alma.
Ref. Gen.
3:6-8; Rom. 3:23; Gen. 2:17; Ef. 2:1-3; Rom.
5:12; Gen. 6:5; Jer. 17:9; Tito 1:15; Rom.3:10-18.
III. Sendo eles o tronco de toda a humanidade, o delito dos seus pecados foi
imputado a seus filhos; e a mesma morte em pecado, bem como a sua natureza
corrompida, foram transmitidas a toda a sua posteridade, que deles procede por
geração ordinária.
Ref. At.
17:26; Gen. 2:17; Rom. 5:17, 15-19; I
Cor. 15:21-22,45, 49; Sal.51:5; Gen.5:3; João3:6.
IV. Desta corrupção original pela qual ficamos totalmente indispostos,
adversos a todo o bem e inteiramente inclinados a todo o mal, é que procedem
todas as transgressões atuais.
Ref. Rom. 5:6, 7:18 e 5:7; Col. 1:21; Gen. 6:5 e 8:21;
Rom. 3:10-12; Tiago 1:14-15; Ef. 2:2-3; Mat. 15-19.
V. Esta corrupção da natureza persiste, durante esta vida, naqueles que são
regenerados; e, embora seja ela perdoada e mortificada por Cristo, todavia
tanto ela, como os seus impulsos, são real e propriamente pecado.
Ref. Rom. 7:14, 17, 18,
21-23; Tiago 3-2; I João 1:8-10; Prov. 20:9; Ec. 7-20; Gal.5:17.
VI. Todo o pecado, tanto o original como o atual, sendo transgressão da
justa lei de Deus e a ela contrária, torna, pela sua própria natureza, culpado
o pecador e por essa culpa está ele sujeito à ira de Deus e à maldição da lei
e, portanto, exposto à morte, com todas as misérias espirituais, temporais e
eternas.
Ref. I João 3:4; Rom. 2: 15;
Rom. 3:9, 19; Ef. 2:3; Gal. 3:10; Rom. 6:23; Ef. 6:18; Lam, 3:39; Mat. 25:41;
II Tess. 1:9.
Sobre o pecado
Pergunta 24. O que é pecado?
Pecado é qualquer falta de
conformidade com a lei de Deus, ou a transgressão de qualquer lei por Ele dada
como regra à criatura racional.
Rm 3:23; I Jo 3:4; Gl
3:10-12; Tg 4.17.
Pergunta 25. Em que consiste a pecaminosidade desse estado em que o homem
caiu?
A pecaminosidade desse estado em que
o homem caiu consiste na culpa do primeiro pecado de Adão, na falta de retidão
na qual este foi criado, e na corrupção da sua natureza, pela qual ele se
tornou inteiramente indisposto, incapaz e oposto a tudo o que é espiritualmente
bom, e inclinado a todo o mal, e isso continuamente, o que geralmente se chama
pecado original, do qual procedem todas as transgressões atuais.
Gn 6:5; Sl 51:5;58:3; Mt 15:19; Rm 3:10-20;5:6,12,19; 8:7-8; Ef 2:1-3;Tg
1:14,15.
Pergunta 26. Como o pecado original é transmitido de nossos primeiros
pais à sua posteridade?
O pecado original é transmitido de
nossos primeiros pais à sua posteridade por geração natural, de maneira que
todos os que assim procedem deles são concebidos e nascidos em pecado.
Sl 51:5; Jo 3:6.
Pergunta 27. Que espécie de miséria a queda trouxe ao gênero humano?
A queda trouxe sobre o gênero humano
a perda da comunhão com Deus, o seu desagrado e maldição; de modo que somos,
por natureza, filhos da ira, escravos de Satanás e justamente sujeitos a todas
as punições, neste mundo e no vindouro.
Gn 3:8, 24; Lm 3:39; Mt 25:41, 46; Lc 11:21-22; Rm 6:23; Ef 2:2-3; II Tm
2:26; Hb 2:14.
Pergunta 28. Quais são as punições do pecado, neste mundo?
As punições do pecado, neste mundo,
são: interiores, como cegueira do entendimento, sentimentos depravados, fortes
ilusões, dureza de coração, pavor na consciência e afetos torpes; ou exteriores,
como a maldição de Deus sobre as criaturas, por nossa causa, e todos os outros
males que caem sobre nós, em nossos corpos, nossos nomes, bens, relações e
ocupações - juntamente com a própria morte.
Gn 3:17; Dt 28:15; Is 33:14; Ef
4:18; Rm 1:26,28;2:5;6:21,23; II Ts 2:11.
Pergunta 29. Quais são as punições do pecado, no mundo vindouro?
As punições do pecado, no mundo
vindouro, são a separação eterna da presença consoladora de, e os mais penosos
tormentos na alma e no corpo, sem interrupção, no fogo do inferno para sempre.
Mt 25.41-46; Mc 9:43,47-48; Lc 16:24, 26; Jo 3.16; II Ts 1:9; Ap 14:11.
Sobre a Salvação de Deus
Pergunta 30. Deixa Deus todo o gênero humano perecer no estado de pecado
e miséria?
Deus não deixa todos os homens
perecerem no estado de pecado e miséria, em que caíram pela violação do
primeiro pacto, comumente chamado o pacto das obras, mas, simplesmente por puro
amor e misericórdia, livra os eleitos desse estado, e os introduz num estado de
salvação, pelo segundo pacto, comumente chamado o pacto da graça.
Rm 3.20-22; I Ts 5:9;
Gl 3:10; Tt 1:2;3:4-7.
Pergunta 31. Com quem foi feito o pacto da graça?
O pacto da graça foi feito com
Cristo, como o segundo Adão; e nEle, com todos os eleitos, como sua semente.
Is 53:10-11; I Co 15.22,45; Ef 1.4; II Tm 1.9; Hb 2.10,11,14.
Sobre a Fé
CAPÍTULO XIV - DA FÉ SALVADORA
I. A graça da fé, pela qual os
eleitos são habilitados a crer para a salvação das suas almas, é a obra que o
Espírito de Cristo faz nos corações deles, e é ordinariamente operada pelo
ministério da palavra; por esse ministério, bem como pela administração dos
sacramentos e pela oração, ela é aumentada e fortalecida.
Ref. Heb. 10:39; II Cor. 4:13; Ef. 1:17-20, e 2:8; Mat. 28:19-20; Rom. 10:14, 17: I Cor. 1:21; I Ped. 2:2; Rom. 1:16-17; Luc. 22:19; João 6:54-56; Rom. 6:11;
Luc. 17:5, e 22:32.
II. Por essa fé o cristão, segundo a autoridade do mesmo Deus que fala em sua
palavra, crê ser verdade tudo quanto nela é revelado, e age de conformidade com
aquilo que cada passagem contém em particular, prestando obediência aos
mandamentos, tremendo às ameaças e abraçando as promessas de Deus para esta
vida e para a futura; porém os principais atos de fé salvadora são - aceitar e
receber a Cristo e firmar-se só nele para a justificação, santificação e vida
eterna, isto em virtude do pacto da graça.
Ref. João 6:42; I Tess.
2:13; I João 5:10; At. 24:14; Mat. 22:37-40; Rom. 16:26; Isa. 66:2; Heb. 11:13; I Tim. 6:8; João1:12; At. 16:31; Gal.
2:20; At. 15: 11.
III. Esta fé é de diferentes graus, é
fraca ou forte; pode ser muitas vezes e de muitos modos assaltada e
enfraquecida, mas sempre alcança a vitória, atingindo em muitos a uma perfeita
segurança em Cristo, que é não somente o autor, como também o consumador da fé.
Ref. Rom. 4:19-20; Mat.
6:30, e 5: 10; Ef. 6:16; I João 4:5; Heb. 6:11, 12, 10:22 e 12:2.
Pergunta 35. Como o pacto da graça é administrado sob o Novo Testamento?
No Novo Testamento, quando Cristo, a
substância, se manifestou, o mesmo pacto da graça foi, e continua a ser,
administrado pela pregação da Palavra na celebração dos sacramentos do Batismo
e da Ceia do Senhor; e, assim, a graça e a salvação se manifestam em maior
plenitude, evidência e eficácia a todas as nações.
Mt 28:19-20; I Co
11:23-26; Hb 8.6-7.
Pergunta 36. Quem é o Mediador do pacto da graça?
0 único Mediador do pacto da graça é
o Senhor Jesus Cristo, que sendo o eterno Filho de Deus, da mesma substância e
igual ao Pai, na plenitude do tempo fez-se homem, e assim foi e continua a ser
Deus e homem em duas naturezas perfeitas e distintas e uma só pessoa para
sempre.
Jo 1:1;10:30; ITm 2:5;
Fp 2:5-11; Gl. 4:4; Cl 2:9.
Jesus Cristo
Pergunta 38. Por que era indispensável que o Mediador fosse Deus?
Era indispensável que o Mediador
fosse Deus, para poder sustentar a natureza humana e guardá-la de cair sob a
ira infinita de Deus e o poder da morte; para dar valor e eficácia aos seus
sofrimentos, obediência e intercessão; e para satisfazer a justiça de Deus,
conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este povo o seu
Espírito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo à salvação eterna.
Lc 1:69, 71, 74; Jo 15:26; At
2:24;20.28; Rm 1:4;3.24-26; Ef 1:6; Tt 2:14; Hb 5:9.
Pergunta 39. Por que era indispensável que o Mediador fosse homem?
Era indispensável que o Mediador
fosse homem, para poder soerguer a nossa natureza e possibilitar a obediência à
lei, sofrer e interceder por nós em nossa natureza, e solidarizar-se com as
nossas enfermidades, para que recebêssemos a adoção de filhos, e tivéssemos
conforto e acesso, com confiança ao trono da graça.
Rm 5:19; Hb
2:14;4:14,15,16;7:24-25; Gl 4:5.
Pergunta 40. Por que era indispensável que o Mediador fosse Deus e homem
em uma só pessoa?
Era necessário que o Mediador, que
havia de reconciliar o homem com Deus, fosse, ele mesmo, Deus e homem, e isto
em uma só pessoa, para que as obras próprias de cada natureza pudessem ser
aceitas por Deus a nosso favor, e que nós confiássemos nelas como as obras da
pessoa inteira.
Mt 1:21,23;3:17; I Pe
2:6.
Pergunta 41. Por que o nosso Mediador foi chamado Jesus?
O nosso Mediador foi chamado Jesus,
porque salva o seu povo dos pecados deles.
Mt 1:21,23.
Pergunta 42. Por que o nosso Mediador foi chamado Cristo?
O nosso Mediador foi chamado Cristo
porque foi, acima de toda a medida, ungido com o Espírito Santo; e assim
separado e plenamente revestido com toda autoridade e poder para exercer os
ofícios de profeta, sacerdote, e rei de sua igreja, tanto no estado de sua
humilhação, como no de sua exaltação.
Sl 2.6; Mt 28.18-20; Lc
4:14,18,19,21; Jo 3:34; At. 3:22; Hb 4:14,15;5:5,6; Ap 19:16; Is 9:6.
Pergunta 46. Qual foi o estado de humilhação de Cristo?
O estado de humilhação de Cristo foi
aquela baixa condição, na qual, por amor de nós, esvaziando-se da sua glória,
Ele tomou para si a forma de servo, em sua concepção e nascimento, em sua vida,
em sua morte, e, depois de sua morte, até à sua ressurreição.
II Co 8:9; Gl 4.4; Fp
2:6-8.
Pergunta 51. Qual foi o estado de exaltação de Cristo?
O estado de exaltação de Cristo
compreende sua ressurreição, ascensão, o assentar-se ele à destra do Pai,
e sua segunda vinda para julgar o mundo.
Lc 24:51; At 1:9-11;17:31; I Co 15:4;
Ef 1:20.
Pergunta 52. Como Cristo foi exaltado em sua ressurreição?
Cristo foi exaltado em sua
ressurreição, em não ter visto a corrupção na morte (pela qual não era possível
que Ele fosse retido), e o mesmo corpo em que sofrera, com as suas propriedades
essenciais (sem a mortalidade e outras enfermidades comuns a esta vida), tendo-se
realmente unido à sua alma, ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, pelo
seu próprio poder, e por essa ressurreição declarou-se Filho de Deus, por haver
satisfeito a justiça divina, ter vencido a morte e aquele que tinha o poder
sobre ela, e ser o Senhor dos vivos e dos mortos. Tudo isto fez Ele na sua
capacidade representativa, corno Cabeça da sua Igreja, para a justificação e
vivificação dela na graça, apoio contra os inimigos, e para lhe assegurar a sua
ressurreição dos mortos no último dia.
Sl 16:10; Lc 24:39; Jo 10:18; At
2:24; Rm 1:4;4:25;14:9; I Co 15:17,20,21,22,25,26; Ef 1:22-23;2:5-6; I Ts
4:13-18; Hb 2:14; Ap 1:18.
Pergunta 53. Como Cristo foi exaltado em sua ascensão?
Cristo foi exaltado em sua ascensão
em ter, depois de sua ressurreição, aparecido muitas vezes aos seus apóstolos e
conversado com eles, falando-lhes das coisas pertencentes ao reino de Deus, impondo-lhes o dever de
pregarem o Evangelho a todos os povos, e em subir aos mais altos céus, no fim
de quarenta dias, levando a nossa natureza e, como nosso Cabeça, triunfando
sobre os inimigos, para ali, à destra de Deus, receber dons para os homens,
elevar os nossos afetos e preparar-nos um lugar, onde Ele está e estará até à
sua segunda vinda, no fim do mundo.
Sl 68:18; Mt 28:19; Jo 14:2-3; At 1:2,3,9;3:21; Hb 6:20; Ef
4:8,10; Cl 3:1,2.
Pergunta 54. Como Cristo é exaltado em sentar-se à destra de Deus?
Cristo é exaltado em sentar-se à
destra de Deus, em ser Ele,
como Deus-homem, elevado ao mais alto favor de Deus o Pai, tendo toda a
plenitude de gozo, glória, e poder sobre todas as coisas no céu e na terra, em
reunir e defender a sua Igreja e subjugar os seus inimigos; em suprir seus
ministros e ao seu povo dons e graças, e em fazer intercessão por eles.
Jo 17:5; At 2:28; Rm 8:34; I Pe 3.22; Ef 1:22;4:11-12; Fp 2:9; Fp
2:9.
Pergunta 60. Aqueles que nunca ouviram o Evangelho, e, por conseguinte,
não conhecem a Jesus Cristo, nem nEle crêem, poderão ser salvos por viver
segundo a luz da natureza?
Aqueles que nunca ouviram o Evangelho
e não conhecem a Jesus Cristo, nem nEle crêem, não poderão se salvar, por mais
diligentes que sejam em conformar suas vidas à luz da natureza, ou às leis da
religião que professam, nem há salvação em nenhum outro, senão unicamente em
Cristo, que é o único Salvador do seu Corpo - a Igreja.
Jo 4:22;8,39,44; At 4:12; I Co 1:21; Rm 1:18-32;3:9-19;10:14; II Ts
1:6-10; Fp 3:4-10;
Pergunta 61. Serão salvos todos os que ouvem o Evangelho e vivem na
Igreja?
Nem todos os que ouvem o Evangelho e
vivem na Igreja visível serão salvos, mas unicamente aqueles que são membros
verdadeiros da Igreja invisível.
Mt 7:21;13:41,42; Rm
9:6.
Santa Ceia do Senhor
Pergunta 168. O que é a
Ceia do Senhor?
A Ceia do Senhor é um
sacramento do Novo Testamento no qual, dando-se e recebendo-se pão e vinho,
conforme a instituição de Jesus Cristo, é anunciada a sua morte; e os que
dignamente participam dele, alimentam-se do corpo e do sangue de Cristo para
sua nutrição espiritual e crescimento na graça; têm a sua união e comunhão com
ele confirmadas; testemunham e renovam a sua gratidão e consagração a Deus e o
seu mútuo amor uns para com os outros, como membros do mesmo corpo místico.
Mt 26:26,27; I Co 10:16-21;11:23-27.
Pergunta 174. Que se
exige dos que recebem o sacramento da Ceia do Senhor, na ocasião de sua
celebração?
Exige-se dos que recebem
o sacramento da Ceia do Senhor que, durante a sua celebração, esperem em Deus,
nessa ordenança, com toda a santa reverência e atenção; que diligentemente
observem os elementos e os atos sacramentais; que atentamente discriminem o
corpo do Senhor, e, cheios de amor, meditem na sua morte e sofrimentos, e assim
se despertem para um vigoroso exercício das suas graças, julgando-se a si
mesmos e entristecendo-se pelo pecado; tendo fome e sede ardentes de Cristo,
alimentando-se nele pela fé, recebendo da sua plenitude, confiando nos seus
méritos, regozijando-se no seu amor, sendo gratos pela sua graça e renovando o
pacto que fizeram com Deus e o amor a todos os santos.
II Cr 30:21; Zc 12:10; Sl 22:26;63:1; Jr
50:5; Lc 22:19; Jo 1:16;6:35; At 2:42; I
Co 10:17;11:29,31; Gl 2:20;3:1; Fp 3:9; Cl 1:19; I Pe 1:8.
Pergunta 175. Qual é o
dever dos crentes depois de receberem o sacramento da Ceia do Senhor?
O dever dos crentes,
depois de receberem o sacramento da Ceia do Senhor, é o de seriamente
considerar como se portaram nele, e com que proveito; se foram vivificados e
confortados; devem bendizer a Deus por isto, pedir a continuação do mesmo,
vigiar contra a reincidência, cumprir seus votos e animar-se a atender sempre a esta ordenança;
se não acharem, porém, nenhum benefício, deverão refletir novamente, e com mais
cuidado, na sua preparação para este sacramento e no comportamento que tiverem
na ocasião, podendo, em uma e outra coisa, aprovar-se diante de Deus e de suas
próprias consciências, esperando com o tempo o fruto de sua participação; se
perceberem, porém, que nessas coisas foram remissos, deverão humilhar-se, e
para o futuro participar desta ordenança com mais cuidado e diligência.
I Cr 15:12-14; Is 8:17; Sl
27:4;50:14;77:6;123:1,2;139:23,24; Os 14:2; At 2:42,46,47; I Co
10:12;11:17,25,26,30,31; II Co 2:14;7:11; Rm 11:20.
CAPÍTULO
XXIX - DA CEIA DO SENHOR
I. Na noite em que foi traído, nosso Senhor Jesus instituiu o sacramento do
seu corpo e sangue, chamado Ceia do Senhor, para ser observado em sua Igreja
até ao Fim do mundo, a fim de lembrar perpetuamente o sacrifício que em sua
morte Ele fez de si mesmo; selar aos verdadeiros crentes os benefícios
provenientes. desse sacrifício para o seu nutrimento espiritual e crescimento
nele e a sua obrigação de cumprir todos os seus deveres para com Ele; e ser um
vínculo e penhor da sua comunhão com Ele e de uns com os outros, como membros
do seu corpo místico.
Ref. I Cor. 11:23-26, e 10: 16-17, 21, e 12:13.
II. Neste sacramento não se oferece Cristo a seu Pai, nem de modo algum se
faz um sacrifício pela remissão dos pecados dos vivos ou dos mortos, mas se faz
uma comemoração daquele único sacrifício que Ele fez de si mesmo na cruz, uma
só vez, e por meio dele uma oblação de todo o louvor a Deus; assim o chamado
sacrifício papal da missa é sobremodo ofensivo ao único sacrifício de Cristo, o
qual é a única propiciação por todos os pecados dos eleitos.
Ref. Heb. 9:22, 25-26, 28;
Mat. 26:26-27; Luc. 22:19-20; Heb. 7:23-24, 27, e 10:11-12, 14, 18.
III. Nesta ordenança o Senhor Jesus constituiu seus ministros para declarar
ao povo a sua palavra de instituição, orar, abençoar os elementos, pão e vinho,
e assim separá-los do comum para um uso sagrado, tomar e partir o pão, tomar o
cálice dele participando também e dar ambos os elementos aos comungantes e tão
somente aos que se acharem presentes na congregação.
Ref. Mar. 14:22-24; At.
20:7; I Cor. 11:20.
IV. A missa ou recepção do sacramento por um só sacerdote ou por uma só
pessoa, bem como a negação do cálice ao povo, a adoração dos elementos, a
elevação ou procissão deles para serem adorados e a sua conservação para
qualquer uso religioso, são coisas contrárias à natureza deste sacramento e à
instituição de Cristo.
Ref. I Tim.1:3-4; I Cor.
11:25-29; Mat. 15:9.
V. Os elementos exteriores deste sacramento, devidamente consagrados aos
usos ordenados por Cristo, têm tal relação com Cristo Crucificado, que
verdadeira, mas só sacramentalmente, são às vezes chamados pelos nomes das
coisas que representam, a saber, o corpo e o sangue de Cristo; porém em
substância e natureza conservam-se verdadeira e somente pão e vinho, como eram
antes.
Ref. Mat. 26:26-28; I Cor.
11:26-28.
VI. A doutrina geralmente chamada transubstanciação, que ensina a mudança da
substância do pão e do vinho na substância do corpo e do sangue de Cristo,
mediante a consagração de um sacerdote ou por qualquer outro meio, é contrária,
não só às Escrituras, mas também ao senso comum e à razão, destrói a natureza
do sacramento e tem sido a causa de muitas superstições e até de crassa
idolatria.
Ref. At.
3:21; I Cor. 11:24-26; Luc. 24:6, 39.
VII. Os que comungam dignamente, participando exteriormente dos elementos
visíveis deste sacramento, também recebem intimamente, pela fé, a Cristo
Crucificado e todos os benefícios da sua morte, e nele se alimentam, não carnal
ou corporalmente, mas real, verdadeira e espiritualmente, não estando o corpo e
o sangue de Cristo, corporal ou carnalmente nos elementos pão e vinho, nem com
eles ou sob eles, mas espiritual e realmente presentes à fé dos crentes nessa
ordenança, como estão os próprios elementos aos seus sentidos corporais.
Ref. I Cor. 11:28, e 10:16.
VIII. Ainda que os ignorantes e os ímpios recebam os elementos visíveis deste
sacramento, não recebem a coisa por eles significada, mas, pela sua indigna
participação, tornam-se réus do corpo e do sangue do Senhor para a sua própria
condenação; portanto eles como são indignos de gozar comunhão com o Senhor, são
também indignos da sua mesa, e não podem, sem grande pecado contra Cristo,
participar destes santos mistérios nem a eles ser admitidos, enquanto
permanecerem nesse estado.
Ref. I Cor. 11:27, 29, e
10:21; II Cor. 6:14-16; I Cor. 5:6-7,
13; II Tess. 3:6, 14-15; Mat. 7:6.
Da Igreja
Pergunta 62. O que é a Igreja visível?
A Igreja visível é uma sociedade
composta de todos quantos, em todos os tempos e lugares do mundo, professam a
verdadeira religião, juntamente com seus filhos.
Mc 10:13-16; At
2:42;13:1,2;16.31; Rm 3:1-2;15:1-12; I Co 1:2; 7.14;12:12,13.
Pergunta 63. Quais são os privilégios especiais da Igreja visível?
A Igreja visível tem o privilégio de
estar sob o cuidado e governo especiais de Deus; de ser protegida e preservada
em todos os tempos, não obstante a oposição de todos os inimigos; e de gozar da
comunhão dos santos, dos meios ordinários de salvação e das ofertas da graça
por Cristo a todos os membros dela, no ministério do Evangelho, testificando
que todo o que crer nEle será salvo, não excluindo a ninguém que vier a Ele.
Sl 147:19,20; Mt 16:18; Jo 6:37; At 2:42;13:1,2;16.31; Rm 3:1,2; I Co 12:28; Ef 4:11,12; Ap 22:17.
Pergunta 64. O que é a Igreja invisível?
Igreja invisível é o número completo
dos eleitos, que têm sido e que hão de ser reunidos num só corpo sob Cristo, o
Cabeça.
Jo 10:16;11:52;Ef
1:10,22,23.
Pergunta 65. Quais são os benefícios especiais de que gozam, por meio de
Cristo, os membros da Igreja invisível?
Os membros da igreja invisível gozam,
por meio de Cristo, de união e comunhão com Ele em graça e glória.
Jo 17:21,24; Ef 2:5,6;
I Jo 1:3.
Qual a obra de Deus em nós?
Pergunta 70. O que é justificação?
Justificação é um ato da livre graça
de Deus para com os pecadores, no qual Ele
perdoa todos os seus pecados, aceita e considera as suas pessoas justas
aos seus olhos, não por qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas
unicamente pela perfeita obediência e plena satisfação de Cristo, a eles
imputadas por Deus e recebidas só pela fé.
Rm 3:22,24,25,28;4:5;5:1,17,18,19;11:6-8; II Co 5:19, 21; Gl 2:16;Ef
1:6-7;Fp 3:9;At 10:43.
Pergunta 74. O que é adoção?
Adoção é um ato da livre graça de
Deus, em seu único Filho Jesus Cristo e por amor dEle, pelo qual todos os que
são justificados são recebidos no número de filhos de Deus, trazem em si o seu
nome, recebem o Espírito de seu Filho, estão sob o seu cuidado e providências
paternais, são admitidos a todas as liberdades e privilégios dos filhos de
Deus, são feitos herdeiros de todas as promessas e co-herdeiros com Cristo em
glória.
Sl 103:13; Pv 14:26; Mt
6:32; Rm 8:17; I Jo 3:1; Ef 1:5; Gl 4:4,5,6; Jo 1:12; Ap 3:12.
Pergunta 75. O que é santificação?
Santificação é a obra da graça de
Deus, pela qual os que Deus escolheu antes da fundação do mundo, para serem
santos, são, nesta vida, pela poderosa operação do seu Espírito, e pela
aplicação da morte e ressurreição de
Cristo, plenamente renovados, segundo a imagem de Deus, tendo as sementes do
arrependimento que conduz à vida, e de todas as outras graças salvíficas
implantadas em seus corações, e tendo essas graças de tal forma dinamizadas,
aumentadas e fortalecidas, assim eles morrem cada vez mais para o pecado e
ressuscitam para a novidade de vida.
Rm 6:4-6,14; I Co 6:11; Ef
1:4;3:16-19;4:23-24; Cl 1:10-11; II Ts. 2:13; Fp 3:10; At 11:18; I Jo 3:9; Jd
20;
Pergunta 76. O que é arrependimento que conduz à vida?
0 arrependimento que conduz à vida é
uma graça salvífica, operada no coração do pecador pelo Espírito Santo e pela
Palavra de Deus, pela qual, percebendo e sentindo, não somente o perigo, mas
também a torpeza e odiosidade dos seus pecados, e apreendendo a misericórdia de
Deus em Cristo para com os arrependidos, o pecador, tanto se entristece pelos
seus pecados e os aborrece, como se volta de todos eles para Deus, se propondo
e se esforçando por andar constantemente com Deus em todos os caminhos da nova
obediência.
I Sm 7:3; I Rs 8:47-50; Sl
119:59,128; Is 8:47-50;30:22; Ez
14:6;16:61,63;18:30,32;36:31; Os 2:6,7;Zc 12:10; Lc 15:17,18;22:61,62;24:47; At
2:37;11:18,20,21;26:18; II Co 7:11; II
Tm 2:25,26.
Pergunta 77. Em que sentido a justificação é diferente da santificação?
Ainda que a santificação seja
inseparavelmente unida com a justificação, contudo elas são diferentes nisto:
na justificação, Deus imputa a justiça de Cristo; e na santificação, o seu
Espírito infunde a graça e dá forças para ser praticada. Na justificação, o
pecado é perdoado; na santificação, ele é subjugado. A primeira liberta a todos
os crentes, igualmente, da ira vingadora de Deus, e isto de maneira perfeita na
presente vida, de modo que eles jamais caem na condenação; a segunda não é
igual em todos os crentes, e nesta vida não é perfeita em crente algum, todavia
sempre avança para a perfeição.
Ez 36:27; Mc 4:28; I Co 1:30;3:1,2;6:11; II Co 5:21;7:1;
Rm
3:24,25;4:6,8;6:6,14;8:1,30,33,34; I Jo 1:8,10; Fp 2:12-14;3:8,9; Ef 4:11-15.
Sobre a Oração
Pergunta 178. Que é
oração?
Oração é um oferecimento
de nossos desejos a Deus, em nome de Cristo e com o auxílio de seu Espírito, e
com a confissão de nossos pecados e um grato reconhecimento de suas
misericórdias.
Sl 32:5,6;62:8; Dn 9:4; Jo 16:23,24; Rm
8:26; Fp 4:6.
Pergunta 179. Devemos
orar somente a Deus?
Sendo Deus o único que
pode esquadrinhar o coração, ouvir os pedidos, perdoar os pecados e cumprir os
desejos de todos, o único em que se deve crer e a quem se deve prestar culto
religioso, a oração, que é uma parte especial do culto, deve ser oferecida por
todos a ele só, e a nenhum outro.
II Sm 22:32; I Rs 8:39; Is 42:8; Jr
3:23; Sl 65:2;145:16,19; Mq 7:18; Mt 4:10; Lc 4:8; Jo 14:1; At 1:24; Rm 8:27; I Co 1:2.
Pergunta 180. O que é
orar em nome de Cristo?
Orar em nome de Cristo é,
em obediência ao seu mandamento e em confiança nas suas promessas, pedir a misericórdia
por amor dele, não por mera menção de seu nome; porém derivando o nosso ânimo
para orar, a nossa coragem, força e esperança de sermos aceitos em oração, de
Cristo e sua mediação.
Dn 9:17; Mt
7:21; Lc 6:46; Jo 14:13,14; I Jo 5:13-15; Hb 4:14-16.
Pergunta 181. Por que
devemos orar em nome de Cristo?
O homem, em razão de seu
pecado, ficou tão afastado de Deus que a ele não se pode chegar sem ter um
mediador; e não havendo ninguém, no céu ou na terra, constituído e preparado
para esta gloriosa obra, senão Cristo unicamente, o nome dele é o único por
meio do qual devemos orar.
Jo 6:27; I
Jo 14:6; Ef 3:12; I Tm 2:5; Cl 3:17;Hb 7:25-27;13:15.
Pergunta 182. Como o
Espírito nos ajuda a orar?
Não sabendo nós o que
havemos de pedir, como convém, o Espírito nos assiste em nossa fraqueza,
habilitando-nos a saber por quem, pelo quê, e como devemos orar; operando e
despertando em nossos corações (embora não em todas as pessoas, nem em todos os
tempos, na mesma medida) aquelas apreensões, afetos e graças que são necessários
para o bom cumprimento desse dever.
Sl
10:17;80:18;Zc 12:10; Rm 8:26.
Pergunta 183. Por quem
devemos orar?
Devemos orar por toda a
Igreja de Cristo na terra, pelos magistrados e outras autoridades, por nós
mesmos, pelos nossos irmãos e até mesmo pelos nossos inimigos, e pelos homens
de todas as classes, pelos vivos e pelos que ainda hão de nascer; porém, não
devemos orar pelos mortos, nem por aqueles que se sabe terem cometido o pecado
para a morte.
Gn 32:11; II Sm 7:29; Sl 28:9; Mt 5:44;
Jo 17:20; Ef 6:18;Sl 28:9; I Tm 2:1,2; II Ts 1:11;3:1; Cl 4:3; Tg 5:16; I Jo
5:16.
Pergunta 184. Pelo quê
devemos orar?
Devemos orar por tudo
quanto realça a glória de Deus e o bem-estar da Igreja, o nosso próprio bem ou
o de outrem; nada, porém, que seja ilícito.
Sl 51:18;122:6;125:4; Mt 6:9;7:11; I Ts 5:23; II Ts 3:16; I Jo 5:14; Tg 4:3.
Pergunta 185. Como
devemos orar?
Devemos orar com solene
apreensão da majestade de Deus e profunda convicção de nossa própria
indignidade, necessidades e pecados; com corações penitentes, gratos e francos;
com entendimento, fé, sinceridade, fervor, amor e perseverança, esperando nele
com humilde submissão à sua vontade.
Gn 18:27; Sl
17:1;33:8;5l:17;81:10;86:1;95:6;130:3;144:3;145:18;Mq 7:7; Lc 15:17-19;18:13;
Mt 5:23,24;26:39; Jo 4:24; Ef 3:20,216:18; I Co 14:15;Tg 1:6;5:16; I Tm 1:2,8;
Hb 10:22.
Pergunta 186. Que regra
Deus nos deu para nos dirigir na prática da oração?
Toda a Palavra de Deus é
útil para nos dirigir na prática da oração; mas a regra especial é aquela forma
de oração que nosso Salvador Jesus Cristo ensinou aos seus discípulos,
geralmente chamada “Oração do Senhor”.
II Tm
3:16,17; I Jo 5:14; Mt 6:9-13; Lc 11:2-4.
Pergunta 187. Como a
Oração do Senhor deve ser usada?
A Oração do Senhor não é
somente para direcionamento, como modelo segundo o qual devemos orar; mas
também pode ser usada como uma oração, contanto que seja feita com
entendimento, fé, reverência e outras graças necessárias para o correto
cumprimento do dever da oração.
Mt 6:9; Lc
11:2.
Igreja Presbiteriana – Sistema de Governo
Art.1 - A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma
federação de Igrejas locais, que adota como única regra de fé e prática as
Escrituras Sagradas do Velho e Novo Testamento e como sistema expositivo de
doutrina e prática a sua Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve; rege-se
pela presente Constituição; é pessoa jurídica, de acordo com as leis do Brasil,
sempre representada civilmente pela sua Comissão Executiva e exerce o seu
governo por meio de Concílios e indivíduos, regularmente instalados.
Art.2 - A Igreja Presbiteriana do Brasil tem por
fim prestar culto a Deus, em espírito e verdade, pregar o Evangelho, batizar os
conversos, seus filhos e menores sob sua guarda e “ensinar os fiéis a guardar a
doutrina e prática das Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, na sua pureza e
integridade, bem como promover a aplicação dos princípios de fraternidade
cristã e o crescimento de seus membros na graça e no conhecimento de Nosso Senhor
Jesus Cristo”.
Art.3 - O poder da Igreja é espiritual e
administrativo, residindo na corporação, isto é, nos que governam e nos que são
governados.
§ 1º - A autoridade dos que são governados é exercida
pelo povo reunido em assembléia, para:
a) eleger pastores
e oficiais da Igreja ou pedir a sua exoneração;
b) pronunciar-se a
respeito dos mesmos, bem como sobre questões orçamentárias e administrativas,
quando o Conselho o solicitar;
c) deliberar sobre
a aquisição ou alienação de imóveis e propriedades, tudo de acordo com a
presente Constituição e as regras estabelecidas pelos Concílios competentes.
§ 2º - A autoridade dos que governam é de ordem e de
jurisdição.
É de ordem, quando exercida por oficiais,
individualmente, na administração de sacramentos e na impetração da bênção
pelos ministros e na integração de Concílios por ministros e presbíteros. É de
jurisdição, quando exercida coletivamente por oficiais, em Concílios, para
legislar, julgar, admitir, excluir ou transferir membros e administrar as
comunidades.
Sistemas de Governo
Congregacional – todos participam
diretamente de todas as decisões.
Episcopal – as principais decisões
repousam nas mãos de uma pessoa, o Bispo.
Representativo (Presbiteriano) –
onde o povo escolhe o seu representante, através de voto e é por este
governado. Nossa base pode ser retirada de êxodo 18.13-26 e Tito 1.5.
Liderança
Pastores, Presbíteros e Diáconos. O
pastor é presbítero docente (liturgia e ensino) e os outros são regentes
(administrativos e de disciplina).
Concílios
São os Conselhos da Igreja. O
Conselho local de uma igreja é formado por Presbíteros e pastores. Já o
Presbitério é formado por pastores de igrejas locais e presbíteros. Sínodo é
formado pelos representantes do presbitério. E o Supremo Concílio.
Quais são os nossos
princípios e por que documentos são administrados?
Constituição da Igreja Presbiteriana
do Brasil
Código de disciplina
Princípios de Liturgia – Manual do
Culto de Westminster
Para ler de forma
tranqüila e com o tempo certo. Trata-se de um tema difícil, mas que precisa ser
tratado co seriedade. Foi extraído do site do Presbítero Solano Portela, um dos
nossos nomes fortes da Teologia e que deve ser levado em consideração. Após a
leitura, com certeza surgirão questões. Será de muita importância lidar com
isto na presença de seu pastor, levando a ele a dúvida e a perguntando tudo.
A disciplina tem sido
colocada num segundo plano na igreja, já que nossa sociedade atual é muito
humanista e relativista. Portanto, se temos o desejo de ser chamados povo do
Senhor, precisamos entender o que é princípio e nunca negociarmos nossos
valores essenciais da fé cristã.
Disciplina
na Igreja
Introdução
Nossas igrejas
estão sempre tendo problemas relacionados à disciplina de membros. Se a igreja
é fiel e bíblica ao disciplinar, há a necessidade de que todos os membros
compreendam as bases bíblicas para tanto; se a igreja é falha, é necessário que
todos se conscientizem das razões dadas pelas Escrituras para a aplicação da
disciplina e dos perigos e conseqüências de negligenciá-la. Esse é, portanto,
um tema sempre relevante. Não se trata de um caminho opcional para a
administração da igreja, mas de uma trilha necessária, que deve ser entendida,
acatada, apoiada e aplicada, para que tenhamos saúde espiritual em nosso meio.
O exercício da
disciplina na igreja é algo tão importante que o reformador João Calvino a
considerou, ao lado da proclamação da Palavra e da administração dos
sacramentos, uma das marcas que distinguem a igreja verdadeira da falsa. Ou
seja, na igreja falsa não somente está ausente a pregação das inspiradas
Escrituras e os sacramentos são antibíblicos, ou incorretamente administrados,
mas ela é negligente, também, na preservação de sua pureza moral e doutrinária.
A igreja, às vezes, não segue os passos e objetivos de disciplina eclesiástica
delineados na Palavra de Deus. Quando negligencia essa área, passa a abrir mão
da identidade peculiar dos seus membros, perante o mundo. O resultado é que a
autoridade na pregação e o testemunho do Evangelho ficam prejudicados.
Não queremos
desenvolver um espírito de censura gratuita, no qual enxerguemos sempre o
argueiro no olho do irmão antes da trave que está no nosso. Mas precisamos
despertar um senso de comportamento bíblico que faça justiça ao nome de Cristo
e que não envergonhe o Evangelho. Isso começa com o cuidado sobre a nossa
própria vida e deve se estender pela nossa igreja local.
A disciplina,
exercida com amor, pelas razões especificadas na Bíblia e com os objetivos que
ela prescreve, deve ser exercida na esfera pessoal e apoiada e compreendida
quando já estiver na esfera do Conselho da Igreja, ou de outras autoridades
superiores.
Queremos examinar
alguns textos bíblicos que se relacionam com a disciplina na igreja. Alguns
outros tratam igualmente desse assunto, mas os que apresentaremos são fundamentais
à nossa compreensão. Com o seu exame, oramos para que sejamos despertados ao
apreço da pureza tanto do indivíduo como da igreja visível.
1.
O perigo da falta de disciplina
Paulo, escrevendo
à igreja da Corinto (1 Co 5.1-13), alerta para os perigosque sobrevêm quando se
é negligente na aplicação da disciplina. Nesse trecho lemos:
Geralmente, se
ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu
próprio pai.
E, contudo, andais
vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje
praticou? Eu, na verdade, ainda que
ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse
presente, que o autor de tal infâmia seja,
em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de
Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de
que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus.
Não é boa a vossa
jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?Lançai fora
o velho fermento, para que sejais nova massa, comosois, de fato, sem fermento.
Pois também Cristo, nosso Cordeiropascal, foi imolado.
Por isso,
celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da
malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade. Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente
aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois,
neste caso, teríeis de sair do mundo.
Mas, agora, vos
escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou
avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal,
nem ainda comais. Pois com que
direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro?Os de
fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.
Notem, no trecho,
os seguintes pontos que o Espírito Santo fez registrar para a nossa instrução:
a. O
pecado na igreja entra em choque com o seu caráter santo, mas ele ocorre. Não é negando a realidade de
sua existência que resolvemos o problema. No versículo 1, ele diz: "...há
entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os
gentios...". Ou seja, o que estava ocorrendo naquela igreja chocaria até
os descrentes, mesmo com sua visão dissoluta.
b.
Muitos pecados atingem um estágio público e notório . Esse mesmo versículo 1
começa com as palavras: "Geralmente, se ouve que há entre vós...". A
questão não era privada, de mais fácil resolução e aconselhamento, mas já se
espalhara, chegando até ao conhecimento de Paulo, que se encontrava distante.
c.
Acomodação e orgulho.
A falta de ação revelava acomodação da consciência individual e coletiva ao
pecado, em forma de rebeldia e soberba. No versículo 2, Paulo se espanta que
aqueles irmãos "... não chegaram a lamentar" toda aquela demonstração
de vida em pecado. Paulo diz ainda que eles se achavam
"ensoberbecidos", ou seja, se orgulhavam da postura tomada em vez de
estarem conscientes do mal que era causado ao testemunho do Evangelho. Ainda
sobre a ausência de disciplina naquela igreja Paulo diz: "... não é boa a
vossa jactância..." (v.6). Eles nada haviam feito, portanto, para
"... tirar do meio" o que havia praticado aquilo que o próprio Paulo
chama "ultraje" e "infâmia" (v.3). Quando a disciplina não
é exercida, nossas consciências vão sendo cauterizadas e conformamo-nos ao modo
de comportamento do mundo e, também, deixamos de nos chocar, de identificar o
contraste com a forma de vida prescrita para o servo de Deus. Paulo ensina que
a ação correta era a exclusão daquele membro (v. 5) - ele deveria ser
"entregue a Satanás", ou ser considerado como descrente, pois o seu
modo de vida não testemunhava uma conversão verdadeira. Estaria, portanto, sob
o domínio de Satanás. Essa constatação não era para ser feita individualmente,
mas corporativamente, pela autoridade e no poder de Cristo. No versículo 4 ele
escreve: "...em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o
poder de Jesus, nosso Senhor...".
d. O
perigo especificado.
Paulo diz (vs. 6 e 7): "...Não sabeis que um pouco de fermento leveda a
massa toda? Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como
sois, de fato, sem fermento." A igreja era para ser "massa sem
fermento" - pura. A admissão de um pouco de fermento, apenas, atingiria
toda a massa. Ou seja, deixar que o comportamento incompatível com a fé cristã
permaneça no seio da igreja, sem disciplina, significa pôr em risco a saúde espiritual
de toda a comunidade.
e. As
marcas da Igreja.
Paulo ensina (v. 8) que a igreja deve ser conhecida pela "...sinceridade e
verdade..." e não pelo "...fermento da maldade e da malícia".
f. O
esclarecimento quanto à associação. Paulo reconhece que o mundo é constituído de
impuros. Ele diz que não está ensinando que a igreja deva se isolar do mundo.
Existindo no mundo ela terá contato com "...avarentos, ou roubadores, ou
idólatras..." (v.10). Mas ele reforça que não deve haver "associação
com impuros" (v.9) e explica quem são esses a quem ele chama de impuros,
no versículo 11 - é aquele que "...dizendo-se irmão, for impuro, ou
avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador...". Ou
seja, é aquele que professa a fé cristã, mas tem comportamento imoral
("impuro"); ou tem afeição descabida pelas suas próprias posses
materiais ("avarento"); ou o que distorce a religião verdadeira por
sua prática ou ensinamentos ( "idólatra"); ou o que tem o hábito de
caluniar ou de espalhar boatos ("maldizente"); ou o que está sob o
domínio de substâncias que impedem o comportamento racional
("beberrão") - nas quais estão a bebida alcoólica e, certamente, as
drogas -, em vez de sob o controle do Espírito Santo; e, finalmente, o que
demonstra ganância e não respeita a propriedade alheia ("roubador").
g. A
rigidez da disciplina
- A necessidade era a de se exercitar "julgamento interno" (v.12)
contra o "malfeitor", expulsando-o do seio da igreja (v. 13). Esse
julgamento deveria ser evidente a todos e deveria ser sentido pelo
disciplinado; isto é, ele deveria sentir que a comunhão fraterna havia sido
atingida pelo seu pecado: "com esse tal, nem ainda comais". Muitas
vezes membros, com boas intenções, confundem o desejo legítimo de restauração
do disciplinado com um apoio prejudicial ao mesmo. Não se limitam a indicar que
estão em oração, mas colocam "panos quentes" na ação do Conselho.
Muitas vezes os disciplinados são alvo de um aconchego e atenção após a
disciplina que não somente minam a autoridade da igreja, mas são prejudiciais
ao próprio disciplinado, que deixa de sentir os efeitos danosos da falta de
comunhão que o seu pecado causou. A advertência de Paulo é dura, mas devemos
orar a Deus por sabedoria para saber como aplicar essa exortação com respeito a
membros disciplinados por pecados graves nas nossas igrejas, de tal forma que
eles sintam que algo mudou e que a comunhão procedente do Espírito é restaurada
mediante o arrependimento sincero e o testemunho verdadeiro de uma conversão
real.
h. O
objetivo final
- Não podemos esquecer o objetivo final de Paulo com a disciplina, especificado
no versículo 5: "...a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor
Jesus." O objetivo era a salvação daquela alma disciplinada. Essa deve ser
também a nossa visão: consciência da necessidade da disciplina, percepção dos
perigos da sua falta de aplicação, apoio à sua aplicação correta no caso de
comportamento anticristão contumaz, oração e desejo de arrependimento pelo
disciplinado.
2.
A autodisciplina e o ensino de Jesus sobre os passos da disciplina na igreja
Jesus Cristo, em
Mateus 18.15-22, nos deu, de uma forma bem detalhada e inteligível, os passos
necessários para o exercício da disciplina corporativa (na igreja). Entretanto,
antes que o pecado se concretize em ações contra alguém e antes que atinja um
caráter público, a Palavra de Deus nos dá admoestações sobre o exercício da
autodisciplina. A palavra grega traduzida como temperança ou autocontrole
(egkratea - um dos aspectos do fruto do Espírito, em Gl 5.23) significa,
apropriadamente, a disciplina exercida pela própria pessoa, quer pelo
estabelecimento de limites próprios, que não devem ser ultrapassados, quer na
avaliação dos próprios pensamentos e atitudes que, se concretizados,
prejudicariam alguém e desagradariam a Deus. O livro de Provérbios nos fala
sobre a importância de controlar nosso próprio espírito (16.32), nossa língua
(17.27 - "reter as palavras") e nossa ira (19.11 - "tardio em
irar-se" na Versão Corrigida). Certamente o exercício coerente da
autodisciplina, na vida dos membros da igreja, reduz a necessidade da
disciplina eclesiástica.
O texto de Mateus
18.15-22, diz o seguinte:
Se teu irmão pecar
contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu
irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para
que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça.
E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja,
considera-o como gentio e publicano.
Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus,
e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se
dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que,
porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus.
Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio
deles.
Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus:
Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
Os passos
ensinados pelo nosso Senhor Jesus Cristo, para aplicação em nossa vida
comunitária, como membros da igreja visível, são esses:
Passo
1 - Contato individual, pessoa a pessoa. Em Mt 18.15, lemos: "Se teu irmão pecar
contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu
irmão". Não devemos esperar que a parte ofensora viesse pedir perdão,
quando pecar contra nós. Jesus nos ensina que nós, quando ofendidos, devemos
tomar a iniciativa para ter uma conversa discreta e individual com o nosso
ofensor. Essa admoestação, em si só, já é importante para o nosso crescimento
em santificação. Abordar o ofensor vai contra o nosso orgulho, mas é uma
atitude típica da humildade que Cristo requer de nós, como cristãos. Cristo não
oferece garantias de que teremos sucesso, mas se o ofensor der ouvidos à nossa
admoestação individual, ganharemos o irmão, no sentido em que o impediremos de
cometer pecados mais sérios contra outros, bem como construiremos um
relacionamento mais sólido, em Cristo, com aquele irmão ou irmã.
Passo
2 - Contato com dois ou três.
O versículo 16 aprofunda o contato e o envolvimento corporativo no processo de
disciplina. Ele deve ocorrer se o contato individual for infrutífero, se o
irmão ou irmã não der ouvidos à abordagem prescrita anteriormente. O v. 16 diz:
"Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para
que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se
estabeleça". Quando é a hora certa de passar do passo 1 ao passo 2?
Devemos pedir a Deus discernimento e sabedoria para ver quando não há mais
progresso no contato individual e está caracterizado que a parte ofensora não
"quer ouvir". Nesse caso, a abordagem deve ser exercida com mais uma
ou duas pessoas, como "testemunhas". Serão testemunhas do problema
ocorrido, ou testemunhas do contato que está sendo realizado? Creio que não são
testemunhas do problema, pois se o fossem a questão já seria pública e não
limitada às duas pessoas, como indica o v. 15. São pessoas que deverão
testemunhar e participar do encaminhamento do processo de disciplina, da
exortação, do aconselhamento, objetivando que o faltoso "ouça". Não
são testemunhas silentes. O verso fala do "depoimento" delas.
Passo
3 - Contato com a Igreja.
O versículo 17 apresenta uma mudança enorme no encaminhamento da questão. O
faltoso recusou a admoestação individual e a conjunta de dois ou três membros.
Jesus, então, determina: "... se ele não os atender, dize-o à
igreja...". O "dizer à igreja", em uma estrutura presbiteriana,
equivale a relatar ao Conselho.
Em uma estrutura Congregacional, relatar à Assembléia. Em qualquer situação, o
relato, agora, deve ser feito pelo primeiro irmão ou irmã e pela outra ou
outras testemunhas, envolvidas no Passo 2. A continuidade da frase,
neste mesmo versículo, mostra que o propósito de "dizer à igreja"
continua sendo o da admoestação. Não é só uma questão de veicular notícias, mas
a de visar a exortação do ofensor, que agora será feita "pela
igreja", ou pelos representantes constituídos e eleitos por ela.
Infelizmente, muitos pecados públicos e já amplamente divulgados no seio da
comunidade só são tratados a partir deste estágio. Muitas vezes aqueles mais
próximos ao faltoso deixaram de aplicar os passos 1 e 2, ao primeiro sinal da
ofensa. A igreja é, então, surpreendida com o pecado realizado, divulgado e
comentado, restando aos oficiais apenas tomar o processo a partir deste passo.
Humanamente falando, quem sabe pecados maiores não teriam sido evitados se a
abordagem individual, prescrita por Jesus, tivesse sido realizada.
Passo 4 - Exclusão.
No final do versículo 17 Jesus diz "...se recusar ouvir também a igreja,
considera-o como gentio e publicano". A recusa no atendimento às
admoestações, a atitude de arrogância e desafio às autoridades, retratada em 2
Pe 2.10-11 e Judas 7-8, devem levar o faltoso à exclusão da igreja visível. Ele
(ou ela) deve ser considerado como um descrente ("gentio") e deve ser
cortado da comunhão pessoal da mesma forma como os coletores de impostos
("publicanos") eram desprezados pelos judeus. Somente evidências de
arrependimento e conversão real poderão restaurar essa comunhão cortada pela
disciplina. Com essa exclusão vão-se também os privilégios de membro, como a
participação na Santa Ceia, e os demais. Jesus demonstra a necessidade de
respaldar essa drástica atitude na sua própria autoridade e na do Pai. Isso ele
faz nos vs. 18-19, mostrando o seu acompanhamento e o do Pai, nas questões da
igreja que envolvem a preservação de sua pureza. Ele fecha essas instruções com
a promessa de sua presença na congregação do povo de Deus (v. 20). Essas são
palavras de grande encorajamento para que a igreja não negligencie a aplicação do
processo de disciplina em todos esses passos.
3.
Outros textos e pontos importantes sobre a disciplina na igreja.
Necessitamos
abordar outros pontos adicionais sobre a disciplina na igreja. Os textos
seguintes mostram que a disciplina não se restringe apenas ao comportamento
imoral ou que deva ser exercida somente contra aqueles que se desviam da
prática correta da sexualidade:
a. A
disciplina deve ser aplicada contra os que causam dissensão e divisão . Paulo, em Tito 2.15-3.11,
diz o seguinte:
Dize estas coisas;
exorta e repreende também com toda a autoridade. Ninguém te despreze.
Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes,
estejam prontos para toda boa obra,não difamem a ninguém; nem sejam
altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os
homens.
Pois nós também,
outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de
paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos
outros.
Quando, porém, se
manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com
todos,não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua
misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo,que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo,
nosso Salvador,a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus
herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.
Fiel é esta
palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação,
confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de
boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens.
Evita discussões
insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm
utilidade e são fúteis. Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira
e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por
si mesma está condenada.
Paulo está
exortando a Tito para que exerça sua autoridade, como líder da igreja,
ensinando, exortando e repreendendo os membros da igreja para que não sejam
difamadores e briguentos. Antes, devem ser obedientes, cordatos, corteses, não
somente para com os crentes mas para com os descrentes também. Ele lembra a
Tito e a nós que características condenáveis já fizeram parte da personalidade
e do modo de vida de muitos de nós, antes da salvação, mas pela graça e
misericórdia de Deus fomos regenerados pelo Espírito Santo e transformados para
as boas obras. Devemos, portanto, evitar discussões fúteis e sobre assuntos secundários
que não levam a lugar algum. A pessoa facciosa, que quer causar divisão, deve
ser admoestada uma e duas vezes, mas depois disso deve ser evitada, ou seja,
excluída, por recusar as advertências e por preferir viver em pecado.
b. Os
que ensinam doutrinas falsas, bem como os que as praticam, devem ser
disciplinados . Novamente,
Paulo, em Ro 16.17-20, ensina que a igreja deve afastar os que causam divisões
e escândalos, em desacordo com a doutrina por ele ensinada. O texto diz:
Rogo-vos, irmãos,
que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a
doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a
Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e
lisonjas, enganam o coração dos incautos.
Pois a vossa
obediência é conhecida por todos; por isso, me alegro a vosso respeito; e quero
que sejais sábios para o bem e símplices para o mal.
E o Deus da paz,
em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus
seja convosco.
Paulo especifica o
perigo existente nas palavras daqueles que procuram os seus próprios
interesses, mas falam suavemente, com palavras de elogio, enganando o coração
dos incautos.
No livro de
Apocalipse, 2.12-16, João registra as palavras de Cristo, advertindo a Igreja
de Pérgamo, e a todas as nossas igrejas (2.17), contra aqueles que procuram
incitar o povo de Deus a práticas contraditórias à fé cristã. Ali lemos:
Ao anjo da igreja
em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes:
Conheço o lugar em
que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não
negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o
qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.
Tenho, todavia,
contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de
Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel
para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição.
Outrossim, também
tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas.
Portanto,
arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a
espada da minha boca.
A menção à doutrina de Balaão, no v. 14,
identifica o ensinamento dos que possuem motivos pessoais, rasteiros, aqueles
que, mesmo com linguajar que aparenta honrar a Deus, não estão preocupados com
a santificação da igreja, mas se empenham em destruir as linhas demarcatórias
de comportamento que identificam o povo de Deus e os distinguem do mundo
("comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a
prostituição"). A doutrina dos nicolaítas é igualmente condenada (v. 15).
Essa é também uma referência aos que advogavam uma vida dissoluta e imoral no
seio da igreja. Na carta anterior (à igreja de Éfeso), as obras dos nicolaítas foram condenadas.
Agora a menção é contra a sua doutrina.
Notem que a condenação e a chamada ao arrependimento vêm para toda a igreja (vv. 14 e 16), por não
exercer a disciplina e por conservar tais pessoas em seu meio.
c. A
disciplina deve ser exercida com precaução e deve ser divulgada. Em 1 Tm 5.19-22, temos o
ensinamento de que as denúncias devem ser substanciadas, não aceitas
levianamente:
Não aceites
denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou
três testemunhas.
Quanto aos que
vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais
temam.
Conjuro-te,
perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos,
sem prevenção, nada fazendo com parcialidade.
A ninguém imponhas
precipitadamente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de outrem.
Conserva-te a ti mesmo puro.
Cautela é
prescrita especificamente para as denúncias contra os oficiais (v. 19 -
"duas ou três testemunhas"), mas o princípio de que deve haver
substância e provas, nas denúncias, é genérico. O outro ensino deste trecho é
que a disciplina dos que "vivem no pecado" (v. 20) se exerça "na
presença de todos". Isso significa que ela não deve ser alvo de uma resolução
velada. Paulo dá uma razão para isso - "para que também os demais
temam". A disciplina tem essa característica didática de proclamar e
provocar o temor do Senhor, livrando membros do pecado para uma vida em
santidade e conformidade com a pureza de Cristo.
d. O objetivo final da disciplina é o arrependimento do disciplinado.
Dois textos nos
falam a esse respeito. O primeiro é 2 Ts 3.6-15:
Nós vos ordenamos,
irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que
vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição
que de nós recebestes;
pois vós mesmos
estais cientes do modo por que vos convém imitar-nos, visto que nunca nos
portamos desordenadamente entre vós, nem jamais comemos pão à custa de outrem;
pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não
sermos pesados a nenhum de vós; não porque não tivéssemos esse direito, mas por
termos em vista oferecer-vos exemplo em nós mesmos, para nos imitardes.
Porque, quando
ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não
coma. Pois, de fato, estamos informados de que, entre vós, há pessoas que andam
desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia. A elas,
porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando
tranqüilamente, comam o seu próprio pão.
E vós, irmãos, não
vos canseis de fazer o bem. Caso alguém não preste obediência à nossa palavra
dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique
envergonhado. Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão.
Paulo enfatiza a
necessidade do afastamento de "qualquer irmão que ande
desordenadamente", contrário aos ensinamentos que recebeu (v. 6). O
exemplo dado por Paulo é para aqueles que se acomodam no ócio, tornam-se um
peso para os outros e passam a ocupar o tempo "intrometendo-se na vida
alheia" (v.11). Esses, e aqueles que "não prestarem obediência"
à palavra dada por Paulo, na sua carta, devem ser disciplinados (v. 14). Paulo
indica que não deve haver "associação" com o faltoso e dá uma razão
para tal: "para que fique envergonhado", ou seja, para que se
conscientize de sua falha e, sob humilhação perante a disciplina exercida pela
igreja, se arrependa. Esse texto é encerrado com as seguintes palavras de
cautela (v. 15): "Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o
como irmão".
O segundo texto é
2 Tm 2.22-26:
Foge, outrossim,
das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de
coração puro, invocam o Senhor. E repele as questões insensatas e absurdas,
pois sabes que só engendram contendas.
Ora, é necessário
que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com
todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se
opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para
conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se
eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua
vontade.
Nesse texto Paulo
volta a reforçar que o cristão deve caracterizar-se por seguir "a justiça,
a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor" (v.
22). Nesse sentido as "questões insensatas e absurdas" devem ser não
somente evitadas como repelidas, quando introduzidas no seio da igreja (v. 23),
pois só geram contendas. Contenda não
deve fazer parte da postura do servo de Deus. Este deve ser brando e
capaz de ensinar com paciência (v. 24). A disciplina deve ser exercida em
mansidão (v. 25), com o objetivo de que Deus conceda aos disciplinados "não
só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno
à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por
ele para cumprirem a sua vontade" (v. 26).
Conclusão
Vivemos em uma era
sem restrições e sem limites. Por isso, talvez, a questão da disciplina na
igreja seja tão incompreendida e até negligenciada. Muitos questionam a
legitimidade da sua aplicação - "com que direito?" Outros se revoltam
quando a recebem. É preciso que saibamos que o direito e a autoridade da
disciplina procedem do Senhor da igreja, que a comanda. É preciso que nossos
olhos sejam abertos para que verifiquemos que a rejeição da disciplina é um
grande mal. A recusa de sua aceitação ou a revolta por ela significam agir
contra o objetivo maior, que é o reconhecimento do pecado, o arrependimento
sincero e a restauração à plena comunhão da igreja visível.
Examinamos textos
bíblicos que falam claramente sobre a necessidade de preservarmos nossa vida em
sintonia com as diretrizes de Deus, em santificação e pureza, contribuindo para
a edificação do corpo de Cristo. Esses mesmos textos especificam a necessidade
da disciplina, que vai desde a autodisciplina, continuando com a admoestação
individual e chegando até a exclusão, se necessário. O testemunho da igreja
demanda fidelidade às diretrizes bíblicas, nesse sentido. Num mundo sem regras,
Deus, em sua misericórdia, coloca a sua igreja como baluarte para que os seus
padrões sejam reforçados e seguidos. Supliquemos a Deus que nos preserve em pureza,
na plena comunhão de sua igreja e que compreendamos e defendamos o exercício da
disciplina, quando necessária.
(Publicado em O
Presbiteriano Conservador nas edições de Julho/Agosto e Setembro/Outubro de
2000).
Bibliografia
BITTENCOURT, Benedito P. O Novo
Testamento – Cânon – Língua – Texto. São Paulo: Aste, 1965
KÜMMEL, W. G. Introdução ao Novo
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Catecismo Maior de Westminster
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