SOBRE O SERMOS PERFECCIONISTAS E AO MESMO TEMPO REPULSIVOS
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Lucas 18:11-13 “O
fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te
dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem
ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo
quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar
os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim,
pecador!”
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(I)
O que
fazer quando queremos ter a razão e pecamos por isso, sendo soberbos?
Certa vez, exatamente nos dias em que
estudei num Instituto Bíblico de minha igreja, fui até a sala de meu diretor e
perguntei-lhe: o senhor conviveu comigo nesta escola e antes de ir embora para
casa, gostaria que me aconselhasse acerca de como sou.
Simples a resposta dele e amorosa:
disse-me que eu era perfeccionista e que iria cuidar da igreja de CRISTO,
composta de pecadores, como eu e que isto poderia trazer frustração em meu
ministério, pois jamais qualquer ser humano poderia ser perfeito ou do jeito
que eu iria exigir que fosse.
Aprendi muito com aquilo, e ainda que
lutando com esta verdade sobre mim até hoje, após cerca de 37 anos depois, não
deixo de buscar quebrar meu ser, observando que:
(a)
todo perfeccionista nunca assume que é, e se torna um destruidor de vidas, de
relacionamentos e acaba por pagar um preço de solidão, isolamento, e a fuga das
pessoas que poderiam ter prazer em estar junto dele;
(b)
de fato toda pessoa que fica a cobrar dos outros, se torna chata, pesada, e
frustrada, pois nunca as pessoas desejarão estar com ela;
(c)
seria simples se livrar deste mal, mas para isto temos que olhar no espelho e
assumir se queremos ou não ser pessoas agradáveis ou cheias de manias.
Sempre dá tempo de mudar e confesso
que mudei muito, mas tenho que me policiar todos os dias.
Leva tempo, dói intimamente, mas sei
que preciso das pessoas perto e não longe – por isso luto muito.
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(II)
Mais
vale olhar num espelho e ver o quanto sou imperfeito do que impor-me...
O que vale a pena mesmo diante da
vaidade do “perfeccionismo”?
A primeira coisa é que famílias e
casamentos estão sendo destruídos por conta desta ENFERMIDADE da alma, que se
debate entre a vaidade de não querer mudar por se achar “certo” e a soberba “
que trará a ruína”.
Nossa perfeição está na pessoa de
JESUS e jamais dependerá de nossa forma de ser.
O que temos que levar em conta é:
(a)
vale a pena perder pessoas que amamos ou queremos bem por conta de nossas
manias infantis ou adoecidas?
(b)
vale a pena ser teimoso a ponto de sacrificar nossas relações, sabendo que as
pessoas têm suas opiniões e formas de ser e que não depende de a gente exigir
que se enquadrem ao nosso modo?
(c)
vale a pena ver nossos arredores se desfazendo somente por querermos mandar ou
gritar, ou expressar nossa personalidade que pode, de alguma forma estar
machucada?
As avaliações são muitas e em todas as
áreas.
O que não devemos é ocultar esta
realidade de nós mesmos, fingindo ou fugindo ao invés de resolver.
Já pensou que aquela pessoa que você
quer mudar é alguém que poderia somar em tua cura?
Ou quem sabe, observar que somos até
gente boa, mas no fundo nem nosso melhor amigo suporta.
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(III)
Certamente
somos expulsos sem perceber, e pode ser tarde para voltar.
Gostaria de encerrar com o pensamento
que cerca estes versos:
(a)
Percebamos que quem fica de pé um fariseu acostumado aos primeiros lugares, a
orações em público, mas que não tem humildade de perceber o outro, de levar em
conta a fala daquele que está posto em seu lado – “orava para si mesmo”;
(b)
Afirmava com veemência a QUEM sonda os corações e os conhece profundamente,
mais do ele mesmo – “não sou como estes outros homens”;
(c)
Saciava-se com suas obras, com sua falsa piedade, com sua conduta que de nada
servia;
(d)
Numa vida como deste fariseu, pouco importava para DEUS se dava o dízimo de tudo,
de jejuava – estava possesso de si mesmo – o que se torna mais
difícil de expulsar do que aos demônios;
(e)
Aprende-se com o publicano algo essencial – não pensar nada de si mesmo, além
do que convém - "Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre
vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação,
segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um" (Romanos
12:3) – somos pecadores.
Fica
a lição: talvez estejamos sendo pesados aos outros
quando deveríamos ser leves: "(JESUS) não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si
mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo" (Filipenses 2: 6-7)
– quer continuar a ter razão?
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