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quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Livra-te de mim

Livra-te de mim

E te farás um favor.

Repercuta em teu coração

Minha amarga dor.

E percebas que logo

Ou de repente

Parti.


Escondas de mim teu riso

Pois não o mereço

Embaralho-me em lágrimas

Como num jogo de cartas

Onde já deixei de jogar.


Busca em mim apenas adeus

E por mim, pede a Deus

Que nesta existência

Por um canto

Encontre a Paz que necessito.


Busca-me entre os bancos vazios

E mostra-me luz

Pardo aventureiro

Um sabiá, cantador, feliz.

Quem sabe nisto me encontre

E assim possas me ver sorrir.


Por enquanto abasteço-me

Em postos que vejo vento

Livre sopro em minha alma,

Este que tu poderias usar

E por acaso, amar, sem amar.


Esta é a minha trova,

Música que estrova

A minha chance de viver mais.


Este é meu poema,

Carta aberta aos tempos

E numa história louca

Um ponto final,

Gritando por três pontinhos.


Vivi e tenho esta plena certeza...

E se viver... terei ainda mais incerteza.


Apenas me resto

Num casto mundo

Em que nuvens se formam claras sob o sol

Para anunciar a água que tanto te pedi.


Em teus braços, hoje, noite adentro

Descanso no descaso

E no acaso me protejo de mim.

Basta mais uma letra

Linha que alinhava duros brados.


A ode presente é para ti

Inebriante servo e ser humano

Que se torna invisível

Mas que sustento pela fé.


Ode do dia que nasce

E pode o dia que nasce

Trazer féculas e areia

Alças e madeira

Olhos fechados

Lacrimais sensações?


Prossigo.

Pergunto.

Imploro.

Mas me deixo.

Me queixo.

E me destituo de mim.

Clara noite que se vai.


Tecida está esta escrita

Como que em tecido rasgado

Uma coisa sem forma e vazia

Porém, esperando,

Renovo e outro,

Quem sabe uma flor.


Livra-te de mim

E te farás um favor.

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