Salmo 51:3
O meu pecado está sempre
diante de mim
E esta reflexão
nos faz pensar em:
(a) por que somos tão teimosos a ponto de
observar que fazemos o mal, por menor que seja, e rogamos a DEUS justiça
implacável contra aqueles que nos ofendem e pecam em suas vidas?
(b) por que temos que clamar por perdão
por nossas falhas e quando o recebemos, ficamos como aquele credor incompassivo, que não se move em
favor de quem lhe devia e que fora perdoado?
(c) por que pensamos em milagres em nosso
favor, mas queremos que os outros se explodam sem a mínima misericórdia e até
mesmo praguejamos contra, quando o vemos padecer desejando ainda mais o seu mal?
São questões que
devem ser vistas com olhos de quem foi amado por DEUS, que recebeu o CHAMADO
GRACIOSO, e que, como é o tema de nossa lição dominical, acertarmos nossos
passos para não "jogarmos nossa vida
fora" (obra de John Piper).
O pedido do
Salmista a DEUS é por um coração puro, que tem como uma das qualidades a
compaixão, e acredite, não há pureza em corações amargos e cheios de rancor,
assim como em águas escuras onde a lama é tamanha que não se vê o fundo do rio.
Veja que
interessante e coincidente por Fiódor Dostoiévski: "Somos todos culpados perante todos, e por tudo, diante de todos, e
perante nós mesmos" e ainda completará dizendo "Deus não consiste na força, mas na verdade"
(Diálogos de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, em "Os Irmãos
Karamázov").
"Contra ti, somente
contra ti, pequei e fiz o que era mau aos teus olhos" conecta
facilmente com "cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de
mim um espírito inabalável", a entender que o maior ofendido
pelo mais simples pecado que cometemos é o SENHOR, aquele que com misericórdia
nos atraiu.
Seria tão bom se
olhássemos para o nosso próximo com o olhar que CRISTO nos olhou ali da cruz,
em profunda dor, recorrendo ao PAI pelo PERDÃO.
Como sermos
compassivos e amáveis quando nos ofendem?
O que faremos
daqui para frente, se já sabemos e desobedecermos?
Pastor Carlos Puck
---------------------------------------------------------------------
Diálogos de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, em "Os Irmãos Karamázov"
— Amai-vos uns aos outros, meus padres — ensinava o stáriets (segundo as recordações de Aliócha). — Amai ò povo cristão. Não somos mais santos do que os leigos, por ter vindo encerrar-nos dentro destas paredes; pelo contrário, todos aqueles que estão aqui têm reconhecido, pelo simples fato de sua presença, ser piores do que os leigos e do que todo mundo... E quanto mais o religioso viver em seu retiro, tanto mais deverá ter consciência disso. De outro modo não valeria a pena vir para cá.
Quando compreender que não somente é pior que todos os leigos, mas culpado de tudo para com todos, de todos os pecados coletivos e individuais, então somente o fim de nossa união será atingido. Porque, sabei, meus irmãos, que cada um de nós é certamente culpado aqui na terra de tudo para com todos, não somente pela falta coletiva da humanidade, mas de cada um individualmente, por todos os outros na terra inteira. (p.170-171)
Ao reconhecer a responsabilidade de todos perante tudo o que acontece, evocamos nossa humanidade comum.
Como diz, por fim, o personagem de Dostoiévski: “quando os homens compreenderem essa ideia chegará para eles o Reino dos Céus não mais em sonho, e sim em realidade.”
Somos todos culpados perante todos, e por tudo, diante de todos, e perante nós mesmos Dostoiévski
Por toda parte, em nossos dias, o espírito humano começa ridiculamente a perder de vista que a verdadeira garantia do indivíduo consiste não no seu esforço pessoal isolado, mas na solidariedade. Mas este isolamento terrível terá certamente fim e todos compreenderão ao mesmo tempo quanto sua separação mútua era contrária à natureza. Tal será a tendência da época, e causará espanto o ter-se demorado tanto tempo nas trevas, sem ver a luz. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem...