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quarta-feira, 19 de março de 2025

Salmo 51:3

Salmo 51:3

O meu pecado está sempre diante de mim

E esta reflexão nos faz pensar em:

(a) por que somos tão teimosos a ponto de observar que fazemos o mal, por menor que seja, e rogamos a DEUS justiça implacável contra aqueles que nos ofendem e pecam em suas vidas?

(b) por que temos que clamar por perdão por nossas falhas e quando o recebemos, ficamos como aquele credor incompassivo, que não se move em favor de quem lhe devia e que fora perdoado?

(c) por que pensamos em milagres em nosso favor, mas queremos que os outros se explodam sem a mínima misericórdia e até mesmo praguejamos contra, quando o vemos padecer desejando ainda mais o seu mal?

São questões que devem ser vistas com olhos de quem foi amado por DEUS, que recebeu o CHAMADO GRACIOSO, e que, como é o tema de nossa lição dominical, acertarmos nossos passos para não "jogarmos nossa vida fora" (obra de John Piper).

O pedido do Salmista a DEUS é por um coração puro, que tem como uma das qualidades a compaixão, e acredite, não há pureza em corações amargos e cheios de rancor, assim como em águas escuras onde a lama é tamanha que não se vê o fundo do rio.

Veja que interessante e coincidente por Fiódor Dostoiévski: "Somos todos culpados perante todos, e por tudo, diante de todos, e perante nós mesmos" e ainda completará dizendo "Deus não consiste na força, mas na verdade" (Diálogos de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, em "Os Irmãos Karamázov").

"Contra ti, somente contra ti, pequei e fiz o que era mau aos teus olhos" conecta facilmente com "cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável", a entender que o maior ofendido pelo mais simples pecado que cometemos é o SENHOR, aquele que com misericórdia nos atraiu.

Seria tão bom se olhássemos para o nosso próximo com o olhar que CRISTO nos olhou ali da cruz, em profunda dor, recorrendo ao PAI pelo PERDÃO.

Como sermos compassivos e amáveis quando nos ofendem?

O que faremos daqui para frente, se já sabemos e desobedecermos?

Pastor Carlos Puck

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Diálogos de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, em "Os Irmãos Karamázov"

— Amai-vos uns aos outros, meus padres — ensinava o stáriets (segundo as recordações de Aliócha). — Amai ò povo cristão. Não somos mais santos do que os leigos, por ter vindo encerrar-nos dentro destas paredes; pelo contrário, todos aqueles que estão aqui têm reconhecido, pelo simples fato de sua presença, ser piores do que os leigos e do que todo mundo... E quanto mais o religioso viver em seu retiro, tanto mais deverá ter consciência disso. De outro modo não valeria a pena vir para cá.

Quando compreender que não somente é pior que todos os leigos, mas culpado de tudo para com todos, de todos os pecados coletivos e individuais, então somente o fim de nossa união será atingido. Porque, sabei, meus irmãos, que cada um de nós é certamente culpado aqui na terra de tudo para com todos, não somente pela falta coletiva da humanidade, mas de cada um individualmente, por todos os outros na terra inteira. (p.170-171)

Ao reconhecer a responsabilidade de todos perante tudo o que acontece, evocamos nossa humanidade comum.

Como diz, por fim, o personagem de Dostoiévski: “quando os homens compreenderem essa ideia chegará para eles o Reino dos Céus não mais em sonho, e sim em realidade.”

Somos todos culpados perante todos, e por tudo, diante de todos, e perante nós mesmos Dostoiévski

Por toda parte, em nossos dias, o espírito humano começa ridiculamente a perder de vista que a verdadeira garantia do indivíduo consiste não no seu esforço pessoal isolado, mas na solidariedade. Mas este isolamento terrível terá certamente fim e todos compreenderão ao mesmo tempo quanto sua separação mútua era contrária à natureza. Tal será a tendência da época, e causará espanto o ter-se demorado tanto tempo nas trevas, sem ver a luz. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem...